CENA 1 - IBIÚNA - CASA DE D. SANTINHA - SALA - INT. -DIA.
D. SANTINHA E SEU JUQUINHA ARREGALARAM OS OLHOS QUANDO DIANA ADENTROU NA RESIDÊNCIA AO LADO DO PADRE MARCOS, COM UM SORRISO DE FELICIDADE NO ROSTO. O PADRE MOSTRAVA SERENIDADE E SEGURANÇA NO OLHAR.
D. SANTINHA - (surpresa) Mas... o que é isso... o que está acontecendo?
DIANA - Vó... Vô... nós temos uma notícia pra dar pra vocês. Eu e Marcos... (olharam-se com amor e cumplicidade) nos amamos e vamos nos casar!
SEU JUQUINHA - Mas isso... é uma loucura!
D. SANTINHA EMPALIDECEU E FOI AMPARADA PELA NETA E PELO PADRE PARA NÃO CAIR.
D. SANTINHA - Vocês estão brincando... ou estão malucos?
DIANA - Calma, Vó... (ajudou-a a sentar numa poltrona) Não estamos brincando. Estamos indo hoje mesmo pro Rio contar a novidade para meus pais.
D. SANTINHA - (incrédula) Mas... mas ele é um padre!
MARCOS - (adiantou-se e falou, com tranquilidade) Infelizmente, terei que renunciar aos meus votos, D. Santinha. E estou certo que Deus está abençoando este amor. Nós não procuramos. Simplesmente... aconteceu!
CENA 2 - RIO DE JANEIRO - APARTAMENTO DE GERMANO- SALA - INT. - NOITE.
GERMANO E D. CARMEN JANTAVAM, QUANDO A CAMPAINHA TOCOU. ANSIOSA, A MULHER CORREU PARA A PORTA E ABRIU. DIANA E MARCOS ENTRARAM, DE MÃOS DADAS. DE UM LADO, O JOVEM CASAL SORRIA, FELIZ. DO OUTRO, O CASAL DE MEIA-IDADE ESTANCOU, PARALISADO, TENTANDO ENTENDER A SITUAÇÃO.
DIANA - (abraçou a mãe, a felicidade estampada no olhar) Mãe! Que saudade!
D. CARMEN - Filha! Padre Marcos!
GERMANO ABRAÇOU MARCOS COM ALEGRIA.
GERMANO - Padre, que prazer tê-lo de volta em nossa casa!
MARCOS - O prazer é meu, seu Germano. Eu também estou muito contente em rever o senhor e D. Carmen!
DIANA - Mãe... pai... temos uma surpresa pra vocês! Eu e Marcos... vamos nos casar!
D. CARMEN - (perplexa) Quê? Vocês? Mas...
DIANA E MARCOS DERAM-SE AS MÃOS NOVAMENTE E FITARAM-SE, COM AMOR.
DIANA - Papai... mamãe... nós nos amamos... e vamos assumir o nosso amor.
MARCOS - Seu Germano... D. Carmen... eu vou abrir mão dos meus votos... deixar de ser padre para casar com sua filha. E gostaríamos de ter sua bênção e seu apoio.
D. CARMEN ESTAVA PASMA, SEM SABER O QUE DIZER. GERMANO, PASSADO O PRIMEIRO MOMENTO, REAGIU AMIGÀVELMENTE.
GERMANO - Bem, realmente fomos pegos de surpresa... Mas depois do susto inicial, quero dizer que fico muito feliz. Padre Marc... quer dizer, Marcos, considero você um homem íntegro, de caráter... enfim, minha filha não poderia ter feito melhor escolha!
D. CARMEN - (ainda atordoada com a notícia) Eu bem desconfiei dessa ida repentina da Diana para Ibiúna... sabia que havia algo por trás disso tudo... Mas nunca imaginei que... Bem, ainda não me acostumei com a ideia, mas só posso desejar muitas felicidades a vocês, meus queridos!
D. CARMEN ABRAÇOU O CASAL, ENTERNECIDA.
GERMANO - Vou levar sua mala para o quarto dos fundos, Marcos.
MARCOS - Obrigado, seu Germano. Vai ser só por esta noite. Amanhã á noite vou a São Paulo falar com o senhor Bispo, que prometeu me ajudar...
CENA 3 - APARTAMENTO DE MONTEIRO PRADO - SALA -INT. DIA.
SENHORINHA ABRIU A PORTA E DIANA ENTROU, SORRIDENTE.
DIANA - Bom dia, Senhorinha! Tudo bem?
SENHORINHA - (simpática) Diana! Que bom que voltou! Fez boa viagem?
DIANA - Ótima! Melhor impossível! Malu está em casa?
SENHORINHA - Deve estar acordando! Vá ao quarto dela! Vá! Ela vai gostar de ver você!
DIANA - Obrigada, Senhorinha!
A JOVEM DIRIGIU-SE PARA O INTERIOR DO AMPLO APARTAMENTO DO BANQUEIRO.
CENA 4 - APARTAMENTO DE MONTEIRO PRADO - QUARTO DE MALU - INT. - DIA.
MALU E DIANA ABRAÇARAM-SE, FELIZES.
MALU - Amiga, que saudade!
DIANA - Eu também tava morrendo de saudade de você, amiga! Tô cheia de novidades!
SENTARAM-SE NA CAMA, EXCITADAS.
MALU - Deve estar mesmo! Tá com uma cara feliz.... o que aconteceu?
DIANA - Bomba! Vou me casar!
MALU FICOU SÉRIA, AR DESCONFIADO.
MALU - (engoliu em seco) Ca.. casar? Mas como? Com quem?
DIANA - Lembra do padre Marcos? Da bolada na praia? Estamos apaixonados e vamos casar!
MALU ARREGALOU OS OLHOS, CONFUSA.
MALU - Peraí... acho que não entendi.... você está dizendo que vai casar com um padre? Ficou louca?
DIANA - (divertiu-se com o espanto da amiga) Já estou ficando até acostumada com este tipo de reação quando as pessoas ficam sabendo... O Marcos vai largar a batina. Vai deixar de ser padre para casar comigo! (abraçou Malu, feliz) Ai, amiga, acho que nunca fui tão feliz em toda a minha vida! O Marcos é um príncipe!
MALU AFASTOU-SE, SÉRIA, MAL DISFARÇANDO A INDIGNAÇÃO.
MALU - Mas isso é uma loucura! Você não pode fazer isso!
DIANA - Ah, amiga, eu sei que você se preocupa comigo... fica tranquila, vai... Eu estou muito feliz, isso é o que importa...
MALU - Vai abrir mão dos seus amigos, vai abandonar a sua turma por um cara que acabou de conhecer, e ainda por cima, padre? Não, não tô acreditando nisso! Você tá brincando!
DIANA - (assustada com a reação da amiga) - Malu, calma... Olha, eu passei aqui pra te chamar pra ir á praia comigo.
Tô louca pra entrar no mar e pegar um solzinho... lá a gente conversa e te conto tudo, como aconteceu... Vamos?
MALU - (irritada) Isso é uma palhaçada! Você me conta um
absurdo desses e me chama pra ir á praia?
DIANA - É que eu... eu pensei que você ia ficar feliz em saber...
MALU - Feliz? Isso é uma traição! Você é uma traidora! Eu não esperava isso de você!
COM MÃOS TRÊMULAS, MALU ABRIU A PORTA DO QUARTO E MOSTROU A SAÍDA PARA DIANA.
MALU - Sai daqui, Diana! Vai embora!
DIANA - Poxa, Malu, eu nunca pensei...
MALU - (exaltada) Sai! Sai! Sai daqui!
DIANA SAIU, CHOCADA. TRANSTORNADA, MALU BATEU A PORTA COM RAIVA, Á BEIRA DE UMA CRISE DE NERVOS.
MALU - Ai, que ódio! Sua idiota!
CENA 5 - PRAIA DE IPANEMA - EXT. - DIA.
DIANA ESTAVA SENTADA NA AREIA, OLHANDO DISTRAÍDA PARA O MAR, QUANDO ALFREDINHO SURGIU E SENTOU AO SEU LADO.
ALFREDINHO - Oi, gata!
A JOVEM VOLTOU-SE E FITOU O EX-NAMORADO, SURPRÊSA.
DIANA - Alfredinho! Como me encontrou aqui?
ALFREDINHO - Eu soube que você voltou de Ibiúna e liguei pra sua melhor amiga... simples.
DIANA - Malu...
ALFREDINHO - Lógico! E ela me contou uma história meio bizarra, que você vai casar com o padreco!
DIANA - (olhou-o, séria) É verdade. Nós descobrimos que nos amamos. Marcos vai deixar de ser padre... e vamos casar. É melhor que você saiba de uma vez.
ALFREDINHO - (revoltado) Não vou perder essa parada assim... ainda mais para um padre, pra todo mundo ficar me zoando! Por quê você fez isso? Porque prometeu casar com você?
DIANA - Você sabe que não é só por isso...
ALFREDINHO - Sempre achei essa história de casar uma besteira! E ele não vai se casar com você, está ouvindo?
DIANA - (assustada) Que isso, Alfredinho... tá me ameaçando? Tá louco?
ALFREDINHO - Desculpe... falei besteira... desculpe...
ALFREDINHO SENTIA O SANGUE FERVER, MAS FEZ O POSSÍVEL PARA DISFARÇAR. OLHOU EM VOLTA. ÀQUELA HORA, HAVIA POUCAS PESSOAS NAQUELE PEDAÇO DE PRAIA. A ALGUNS METROS DE DISTANCIA, DIVISOU A PLACA E LEU “ATENÇÃO: PERIGOSO NADAR”.
ALFREDINHO - (convidou, tentando parecer amigável) Vamos nadar?
LEVANTOU-SE E ESTENDEU A MÃO PARA A MOÇA, QUE SORRIU E ENTENDEU AQUELE GESTO COMO UM SINAL DE PAZ ENTRE ELES. CAMINHARAM PARA O MAR E ENTRARAM NAS ÁGUAS GELADAS DE IPANEMA. PERTO DALI, EM UM PONTO ESTRATÉGICO, O GUARDA-VIDASZÉ URBANO ASSISTIA A TUDO, ATENTO. ALFREDINHO MOSTRAVA-SE DESCONTRAÍDO E BRINCALHÃO. FOI TUDO MUITO RÁPIDO: OSDOIS FORAM PUXADOS PELA CORRENTEZA. ALFREDINHO NADOU PARA A PARTE MAIS RASA. DIANA TENTOU VOLTAR, MAS NÃO CONSEGUIA E COMEÇOU A ENTRAR EM DESESPÊRO, SEM CONDIÇÕES DE NADAR MAIS.
DIANA - (num grito rouco, quase sem forças) Socorro! Alfredinho! Socorro!
ALFREDINHO FICOU PARADO, SEM ESBOÇAR QUALQUER REAÇÃO. HAVIA ÓDIO EM SEU OLHAR. ZÉ URBANO PERCEBEU QUE ALGO ERRADO ESTAVA ACONTECENDO E AGIU: EM SEGUNDOS, ATIROU-SE AO MAR, ALCANÇOU A JOVEM E ARRASTOU-A PARA A AREIA. DIANA TOSSIA MUITO, RESFOLEGANDO ASSUSTADA.
ZÉ URBANO - Você está bem, moça?
DIANA - (ofegante) Tou bem... obrigada... muito... obrigada...
ZÉ URBANO - Se eu não estivesse de olho, você podia ter morrido! (apontou a placa) Não viram a placa de perigo? A correnteza tá muito forte nesse local, justamente onde seu amigo lhe levou pra nadar!
DIANA - Desculpe... eu... eu não vi...
A POUCOS METROS DALI, NO CALÇADÃO, ALFREDINHO DEU PARTIDA E ACELEROU A MOTO, SEM OLHAR PARA TRÁS.
CENA 6 - APARTAMENTO DE GERMANO - SALA - INT. -DIA.
D. CARMEN - Filha! Você está pálida! O que aconteceu?
D. CARMEN ASSUSTOU-SE AO VER A FILHA ENTRAR EM CASA, AR ABATIDO.
DIANA - Tá tudo bem, mãe... só estou um pouco cansada. Onde está Marcos?
D. CARMEN - Seu noivo foi comprar a passagem. Disse que vai hoje á noite a São Paulo.
DIANA - É, eu sei... ele vai conversar com o Bispo...
CENA 7 - APARTAMENTO DE GERMANO - QUARTO DE DIANA - INT. - DIA.
DIANA SAIU DO BANHO ENROLADA NUMA TOALHA. ENXUGAVA OS CABELOS, A EXPRESSÃO DE PREOCUPAÇÃO. FOI ATÉ A ESCRIVANINHA, ABRIU UMA GAVETA E RETIROU UM LIVRO DE CAPA PRETA. SENTOU-SE, ABRIU UMA PÁGINAE ESCREVEU: “URGENTE: PRECISO RECUPERAR AS FOTOS COM MARCELÃO!”
DIANA - (para si) Preciso reaver aquelas fotos! Marcelão e Cecéu vão ter que me devolver, de qualquer maneira!
CORTA PARA:
CENA 8 - CASTELINHO - INT. - TARDE
DIANA ESTAVA SENTADA A UMA MESA DO BAR, QUANDO CECÉU APROXIMOU-SE, SORRINDO.
CECÉU - Oi, Diana! Recebi seu recado na pensão! Soraia disse pra encontrar você aqui...
DIANA - (levantou-se e encarou o rapaz, aflita) Cecéu, eu quero as minhas fotos! Vocês não podem vender aquelas fotos, eu preciso delas de qualquer jeito!
FIM DO CAPÍTULO 11
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