16º
Capítulo
Os guardas
municipais não mantêm uma relação nada cordial com os skatistas que frequentam
a pracinha. Sim, há os mal intencionados que usam drogas, mas há também os
meninos que gostam de treinar nas rampas, ouvir músicas, trocar ideias, azarar
as meninas.
Os skatistas
mais velhos sempre advertem os caçulas a andarem com os documentos e fugir dos
noiados, manter o bom hálito, não andar de skate em ruas residenciais depois de
determinado horário, respeitarem os mais velhos, tudo para que os policiais
nunca tenham motivos para fichá-los porque sabem que não tem nada mais
desagradável que ser mal vistos pelos pracinhas.
Como em toda
corporação, sempre há aqueles que abusam do poder, como está acontecendo agora.
Aspirante – Encosta na
parede, filho da puta.
O menino
revistado é parecido com Adriano: esguio, ingênuo. No bolso carrega o celular e
um drops de bala, nada mais.
Aspirante (arrogante, truculento) – JÁ
FALEI PRA ENCOSTAR, PASPALHO. (acerta as costas do menino com o coturno) NÃO ESCUTOU,
FILHO DA PUTA?
Poupando
descrições, o que se vê é uma cena de pânico e terror. O alvo é um menino que se tiver 15 anos de idade é muito. Ele lembra Adriano na fisionomia, mas não é o filho de Isabel. O policial
o revista como se ele fosse um traficante, abre a traseira do celular para ver
se o jovem não escondia drogas no lugar da bateria, depois joga o aparelho na
calçada.
Menino – ‘Cê’ quebrou meu
aparelho, cara.
Aspirante (desfere um soco no rosto do menino) –
Cara? Com quem você pensa que ta falando, maconheiro? (o menino está chorando) Com esse olho vermelho ainda quer dizer que é inocente, é? Pensa que eu nasci
ontem? (o algema) Vai é dar um rolezinho de viatura...
Menino (de joelhos, implora) –
De viatura não... Por favor...
O policial apanha
o celular do menino já com a bateria no lugar e diz.
Aspirante – Bacana esse
celular... Não é lá grande merda, mas minha namorada vai gostar muito...
Menino (humilhado, choroso)
– Devolve meu celular. (leva outra bordoada)
Aspirante – Quem manda
aqui sou eu. (saca o revólver) Não queira me ver ‘de cara’. (empurra o menino
até a viatura colocando a arma contra o pescoço dele) – Agora vai dar um rolezinho de viatura. (desiste de ameaçar com a arma, guarda-a no bolso e confisca também o
skate) O patinete fica comigo.
Menino (contraria o p.m.) –
Não é patinete, é skate.
Aspirante (prepotente) –
Grande merda. Eu chamo como quiser.
Menino – Eu sou
inocente, me solta.
Aspirante – Só sai de lá
na presença de um responsável.
Menino (angustiado) –
Minha vó não, senhor. Minha vó ta muito doente, não incomoda ela não...
Aspirante – Quem manda
ter neto noiado?
O menino é
jogado dentro da viatura como um fruto podre.
Laura e os
amigos presenciaram a cena. Estão estarrecidos, chocados, horrorizados,
arrasados. Os olhos de Laura estão cheios de lágrimas.
Laura – Cara covarde.
Algumas
equipes de tv estão no local. O mesmo aspirante que espancou um menor de idade
sem qualquer piedade, diante das câmeras fala e age como um herói justiceiro da
sociedade.
Casa de Laura.
Interior. Noite.
Amauri e Zélia
assistem ao noticiário local na hora do jantar.
Amauri – Como foi a
consulta, Zélia?
Zélia – Pergunta pra
nossa revoltada.
Amauri – Eu te disse
que não era uma boa ideia, meu bem.
Zélia – Laura teve a
petulância de destratar a Dra. Alana. Estou mesmo desconfiando que é
manipulação dessa maldita baleia da Karinna.
Amauri – Laura já tem
quase 15 anos, meu bem. Ela já progrediu muito, então temos que deixar que ela
faça as coisas no tempo dela.
Laura entra em
casa. Zélia a olha por cima do ombro.
Zélia – Até que enfim
se lembrou de que tem família.
Laura – Boa noite,
pai.
Amauri – Boa noite,
filha. Não vai jantar?
Laura – Comi um
lanchinho na rua.
Zélia – Só cuidado
pra não ficar como a Karinna.
A conversa é
interrompida pela própria reportagem.
Âncora (off, sensacionalista) –
Policiais acabam com a farra de viciados na pracinha dos skatistas em Curitiba.
Laura assiste
a matéria por curiosidade. Zélia aumenta o volume.
Zélia – Tem mesmo é
que encher esses noiados de porrada e colocar na cadeia.
Um repórter
está no local onde a desordem aconteceu, narrando com uma entonação tendenciosa.
Repórter – A confusão
teve início após a chegada dos policiais, chamados após receberam diversas denúncias
de pessoas incomodadas com a bagunça generalizada dos jovens que reagiram mal às abordagens, proferindo palavras de baixo calão contra as autoridades e intimidando os policiais com chutes e gestos obscenos. Uma moradora do prédio ao lado da praça que pediu para não ser identificada relata que não é a primeira vez que os skatistas da pracinha provocam tumulto.
Uma senhora, de costas, fala para a reportagem com a voz manipulada por algum editor de áudio. Uma legenda em amarelo traduz o que a senhora quis dizer e obviamente é material antigo sendo reaproveitado.
Moradora - Toda vida isso... A gente não tem sossego, não tem dia nem noite... Com as coisas do jeito que estão, não tem mais jeito...
Uma senhora, de costas, fala para a reportagem com a voz manipulada por algum editor de áudio. Uma legenda em amarelo traduz o que a senhora quis dizer e obviamente é material antigo sendo reaproveitado.
Moradora - Toda vida isso... A gente não tem sossego, não tem dia nem noite... Com as coisas do jeito que estão, não tem mais jeito...
A edição
mostra os skatistas como viciados da cracolândia, usando na matéria imagens editadas do carnaval passado na cidade, quando aquela praça ficou totalmente coberta de lixo, desde camisinhas usadas a latas amassadas, cacos de garrafas quebradas.
Repórter - A queixa dos moradores é sempre a da pouca fiscalização no local depois que anoitece. São queixas de furtos, algazarra, menores de idade usando drogas ao ar livre...
A cena exibida não é referente àquele dia e sim a uma briga no litoral entre dois foliões bêbados que trocam insultos e desrespeitam os policiais que tentam conter a bagunça. Para que ninguém reconhecesse, os editores de imagem embaçaram os rostos para reforçar aos telespectadores de que os skatistas são devassos, intolerantes e más influências para a sociedade como um todo.
Zélia, do sofá de casa, confia cegamente no que diz a reportagem.
Zélia - Bando de vagabundos, desocupados. Isso aí é falta de porrada. A ditadura tinha que voltar, ter policial em tudo quanto é canto pra meter medo nesses noiados.
Laura - A senhora tem noção do que está falando?
Zélia - Na época da ditadura era muito melhor.
Laura - Melhor no quê?
Zélia - Você é muito nova, não entende nada.
Laura - Ah não, você vai me desculpar, mas por pior que seja a criminalidade no país, dizer que tudo na ditadura era melhor já é exagerar.
Zélia ignora a filha.
Repórter - A queixa dos moradores é sempre a da pouca fiscalização no local depois que anoitece. São queixas de furtos, algazarra, menores de idade usando drogas ao ar livre...
A cena exibida não é referente àquele dia e sim a uma briga no litoral entre dois foliões bêbados que trocam insultos e desrespeitam os policiais que tentam conter a bagunça. Para que ninguém reconhecesse, os editores de imagem embaçaram os rostos para reforçar aos telespectadores de que os skatistas são devassos, intolerantes e más influências para a sociedade como um todo.
Zélia, do sofá de casa, confia cegamente no que diz a reportagem.
Zélia - Bando de vagabundos, desocupados. Isso aí é falta de porrada. A ditadura tinha que voltar, ter policial em tudo quanto é canto pra meter medo nesses noiados.
Laura - A senhora tem noção do que está falando?
Zélia - Na época da ditadura era muito melhor.
Laura - Melhor no quê?
Zélia - Você é muito nova, não entende nada.
Laura - Ah não, você vai me desculpar, mas por pior que seja a criminalidade no país, dizer que tudo na ditadura era melhor já é exagerar.
Zélia ignora a filha.
Repórter (narrando a edição malfeita do incidente da tarde) – Para conter a
fúria dos marginais, a polícia precisou fazer uso de cassetete e balas de
borracha, entrando em confronto com os arruaceiros. Alguns, ainda assim, não se intimidaram com as câmeras e tentaram agredir as equipes
de reportagem que cobriam o incidente.
A revolta dos rapazes era com a polícia, em função da horrorosa abordagem dos dois tenentes.
Repórter - Fomos hostilizados... (se acocora na calçada e apanha um pedaço de concreto para chocar o telespectador) Fomos hostilizados pelos jovens skatistas... Nós, jornalistas, cidadãos de bem, estamos sujeitos à criminalidade...
A revolta dos rapazes era com a polícia, em função da horrorosa abordagem dos dois tenentes.
Repórter - Fomos hostilizados... (se acocora na calçada e apanha um pedaço de concreto para chocar o telespectador) Fomos hostilizados pelos jovens skatistas... Nós, jornalistas, cidadãos de bem, estamos sujeitos à criminalidade...
Os cortes nas
imagens foram feitos a fim de mostrar à população que os skatistas são os
vermes da sociedade, isentando a culpa dos PMS, os tratando como os heróis,
quando na realidade eles abusam do poder nos casos, principalmente quando
abordam negros, pobres, skatistas, mulheres, ofendem, espancam, extorquem e
ninguém fala nada porque nem mesmo se pode.
Skatista de boné verde (no momento da revolta) –
A pracinha também é nossa...
Laura está
enojada com o que presencia porque sabe que as coisas não desenrolaram dessa
forma. Os skatistas estavam treinando manobras quando um grupo de guardas municipais chegou fazendo uma abordagem violenta.
Repórter (sensacionalista) –
Um jovem viciado foi barrado, pego em flagrante após furtar um aparelho celular. Negando-se a se submeter à revista, desacatou o
policial e tentou resistir à prisão. Ele foi encaminhado para a delegacia da
infância e do adolescente...
O âncora do
noticiário faz uma cara péssima. A trilha do programa já denota que o apresentador Geraldo Bráulio não é nada parcial, apesar de se denominar provedor do jornalismo verdade, caberia a ele a alcunha de jornalismo sangrento, sensacionalista, tendencioso e hipócrita.
Geraldo Bráulio tem quase dois metros de altura e provavelmente mais de 120kg, tanto é que usa um paletó XXG e o mesmo não fecha. Ele faria a descrição perfeita de um daqueles vilões emblemáticos de videogames antigos, falando alto, chamando mais atenção que os crimes hediondos que cobre.
Geraldo Bráulio tem quase dois metros de altura e provavelmente mais de 120kg, tanto é que usa um paletó XXG e o mesmo não fecha. Ele faria a descrição perfeita de um daqueles vilões emblemáticos de videogames antigos, falando alto, chamando mais atenção que os crimes hediondos que cobre.
Âncora – É o fim do mundo, minha gente. É o fim do mundo. É la-men-tá-vel. É lamentável o que esses bandidos fazem. É lamentável que esses marginais... (percebe-se o ódio que ele tem dos skatistas pela entonação revoltada) Marginais, safados, bandidos, imprestáveis continuem usando a pracinha dos skatistas para fins ilícitos, para tocar o horror e coagir pessoas de bem, pessoas de família, cidadãos que pagam seus impostos corretamente para usufruírem de um bem público, um patrimônio que é de todos, que pertence a todos nós. Eles estão transformando essa pracinha numa filial da cracolândia. (ele sinaliza com o braço para que a edição divida a tela para mostrar o vídeo da abordagem do menino) Droga, furtos, viciados, lixo por todos os cantos, menores de idade furtando celulares para sustentar o vício... Põe na tela de novo aquelas imagens absurdamente chocantes, cho-can-tes, meus pais, minhas mães de família. Põe na tela pra quem não viu ou tá chegando agora. Eu não queria ter que mostrar isso, mas é inevitável, impossível. É impossível não ficar revoltado vendo de braços cruzados essa selvageria... Põe de novo pro pessoal de casa ver a abordagem, pra quem tá chegando agora... É
verdadeiramente louvável a conduta desses policiais... (ele aplaude as cenas da abordagem e o efeito sonoro rouba a cena) Policial preparado sabe como agir e age em prol da maioria, da nossa sociedade já tão cansada de barbaridades, de crimes hediondos e insolúveis. Um moleque desses tem que ir pra um reformatório. Marginal. (olha com desprezo para o menino sendo levado pela viatura) Marginal.
Um carimbo vermelho destacando a palavra MARGINAL entra na tela.
Âncora - Lugar de marginal é atrás das grades. (os efeitos sonoros de aplausos são usados novamente) E os parabéns do Geraldo Bráulio vão para esses dois policiais. (as imagens dos PMS concedendo a entrevista dividem a tela com o apresentador) Esses dois rapazes são os caras. É de policiais assim que precisamos. Com sangue frio quando é preciso ter. Sangue frio e atitude, porque com noiado a tolerância é zero. Mínima. Nenhuma. (aplaude o espancamento do menino) Tem que bater, minha gente. Não é meu filho, porque eu sou um pai exemplar, mas se fosse, eu deixava que a polícia batesse.
Zélia tem verdadeira adoração por esse apresentador.
Zélia - Tô com o Geraldo Bráulio e não abro. Esse cara é sensacional. (ela o aplaude como se ele pudesse vê-la).
Laura está com os olhos cheios de lágrimas.
Laura - Esse verme aí não consegue nem abotoar o paletó, quem é ele pra se achar o dono da verdade?
Zélia - Ele cumpre muito bem o papel dele de informar.
Laura - Deformar...
Zélia - Ele só mostrou a verdade. Quem odeia polícia é bandido...
Laura (protesta) - Isso que ele faz não é jornalismo.
Zélia - E você por acaso é jornalista?
Laura - Não, mas se fosse diretora de jornalismo, demitia esse sujeito hoje mesmo.
Zélia - Isso é censura.
Laura - Você mesmo não acabou de dizer que gostaria de estar nos tempos da ditadura?
Zélia - O Geraldo Bráulio fala a verdade.
Laura - A verdade dele, não a minha.
Zélia - Como se esses vagabundos que ficam por aí dando pinta de skate fossem boa coisa. Se fossem, não seriam fichados.
Um carimbo vermelho destacando a palavra MARGINAL entra na tela.
Âncora - Lugar de marginal é atrás das grades. (os efeitos sonoros de aplausos são usados novamente) E os parabéns do Geraldo Bráulio vão para esses dois policiais. (as imagens dos PMS concedendo a entrevista dividem a tela com o apresentador) Esses dois rapazes são os caras. É de policiais assim que precisamos. Com sangue frio quando é preciso ter. Sangue frio e atitude, porque com noiado a tolerância é zero. Mínima. Nenhuma. (aplaude o espancamento do menino) Tem que bater, minha gente. Não é meu filho, porque eu sou um pai exemplar, mas se fosse, eu deixava que a polícia batesse.
Zélia tem verdadeira adoração por esse apresentador.
Zélia - Tô com o Geraldo Bráulio e não abro. Esse cara é sensacional. (ela o aplaude como se ele pudesse vê-la).
Laura está com os olhos cheios de lágrimas.
Laura - Esse verme aí não consegue nem abotoar o paletó, quem é ele pra se achar o dono da verdade?
Zélia - Ele cumpre muito bem o papel dele de informar.
Laura - Deformar...
Zélia - Ele só mostrou a verdade. Quem odeia polícia é bandido...
Laura (protesta) - Isso que ele faz não é jornalismo.
Zélia - E você por acaso é jornalista?
Laura - Não, mas se fosse diretora de jornalismo, demitia esse sujeito hoje mesmo.
Zélia - Isso é censura.
Laura - Você mesmo não acabou de dizer que gostaria de estar nos tempos da ditadura?
Zélia - O Geraldo Bráulio fala a verdade.
Laura - A verdade dele, não a minha.
Zélia - Como se esses vagabundos que ficam por aí dando pinta de skate fossem boa coisa. Se fossem, não seriam fichados.
Laura sente-se esgotada demais para discutir com a mãe e vai para
o quarto.
Zélia (comenta) – Essa aí
eu desconfio de que é outra que puxe fumo.
Amauri – Laura? Por
favor, Zélia, bem menos. Quando é que você vai parar de discriminar a Laura por
ela não se parecer com você?
Zélia – Quando é que
você vai parar de acobertar Laura?
Amauri – O dia em que
você falar com sensatez. (concorda com Laura) Eu acho esse homem muito prepotente.
Zélia - É de gente como ele que a nossa sociedade precisa, gente que fale a verdade.
Zélia - É de gente como ele que a nossa sociedade precisa, gente que fale a verdade.
Casa de Laura.
Quarto de Laura. Noite.
Música: Minha voz – Alma D’Jem.
Laura chora deitada na cama. À margem da incompreensão, da revolta profunda.
Laura chora deitada na cama. À margem da incompreensão, da revolta profunda.
Casa de
Isabel. Quarto dos meninos. Noite.
Adriano está
fazendo o dever de casa. Isabel dá uma batidinha na porta e entra no recinto.
Isabel – Assim é que
eu gosto de ver.
Adriano deixa
os cadernos e livros por um momento. Isabel passa o telefone para ele.
Isabel – Daiana está
na linha.
Adriano – Valeu, mãe. –
apanha o telefone
Isabel – Valeu,
Adriano? Valeu? Cadê os bons modos?
Adriano – Obrigado,
mãe.
Isabel entrega
o telefone para o filho.
Isabel – Nada de
passar trote, viu, senhor Adriano?
Adriano – Que isso,
mãe. Eu não.
Isabel – É muito bom
ter o Jonathan pra me relatar todos os seus podres, Adriano. – avisa – Vê se
não demora muito, ta?
Adriano – Oi Daia...
Tudo bem?
Isabel sai do
quarto.
Casa de
Vinicius. Quarto de Daiana. Noite.
Daiana está
sentada na cama falando com o namorado.
Daiana – Esse Jonathan
é um pé no saco, viu?
Casa de Isabel. Quarto dos meninos. Noite.
Adriano – Não sabe como
é horrível ser filho do meio, cara. O mais velho te bate, o mais novo apronta e
coloca a culpa no seu nome. Resumindo: você apanha da mãe e os dois danados
tomam seu lugar no sofá.
Galpão de
Marcelo. Interior. Noite.
O abuso contra
um menor de idade repercutiu muito mal para os skatistas. Os que podem estão
reunidos na casa de Marcelo.
Marcelo – O que a gente
não pode é deixar a mídia nos marginalizar.
Bituca – Ser skatista
é uma coisa, ser marginal é outra.
Ferradura – A mídia ta
cagando e andando pra nós, cara. Acordem!
Bituca – Acorda você,
mano. Um menor de idade foi agredido covardemente. Não dá pra ficar impune.
Ferradura – Azar o dele
se passou no lugar errado na hora errada.
Karinna – Você é um
filho da puta mesmo, só pensa em você, você, você. Que se foda o mundo se tiver
teu baseado...
Vinicius (aperta a mão de Karinna) – Meu bem, calma...
Karinna – Esse aí
consegue ser mais frio que os policiais.
Ferradura – Não pedi tua
opinião, balofa.
Karinna – Me chama de balofa
mais uma vez e eu te parto a cara, lazarento.
Marcelo – Galera, por
favor, sem baixaria. – para Ferradura – É um menino de 14 anos, puxa vida, um
moleque que ta brincando, aprendendo a andar de skate. Ele tem família. Imagina
como não ta a mãe dele, o pai...
Bituca – Ele mora com
a vó e até onde soube a mulher passou mal e foi pro hospital.
Vinicius – E o cara
covarde saiu dando porrada assim sem nem conversar?
Karinna – Acha que ele
para pra conversar? Com ele é bordoada. Não gostou? Mais bordoada, rolé de
viatura e acabou-se.
Vinicius – Coitado do menino.
Agora vai ficar fichado...
Bituca – Qualquer um
via que aquele moleque franzino tava treinando de boa. Eu tenho como provar que
ele é inocente.
Ferradura (debocha) –
Como, como?
Chiquinho – Só falar de
boca não vai dar em nada.
Bituca – Eu tava
gravando um vídeo pro programa, aí filmei tudo...
Marcelo – TUDO?
Que raiva desses policiais! E da Zélia também, o jeito que ela falou da Laura.."essa aí puxa fumo também" ... A Laura é uma ótima filha.
ResponderExcluirZélia não reconhece a filha maravilhosa que tem. :/
ResponderExcluirEsses policiais agiram muito covardemente e o pior é que apesar de Resistência ser ficção, isso acontece bastante na realidade, como aqui em Curitiba, quando os policiais agrediram a moça, batendo ela contra a porta. Repercutiu pra caramba no Brasil inteiro no final do ano passado e da advogada negra que apanhou e foi ridicularizada... Sabe o que é pior? É que tem gente que acredita que os policiais abusados é que fazem o certo. No caso de advogada foi bem assim... :/