CENA 1 - APARTAMENTO DE VALÉRIA - SALA - INT. - DIA.
VALÉRIA PRAPAROU UM UÍSQUE ON THE ROCKS, E ENTREGOU NAS MÃOS DE ALFREDINHO, QUE ASSISTIA TV, REFASTELADO NO SOFÁ.
VALÉRIA - Prontinho, amor. Do jeito que você gosta...
ALFREDINHO - Ok, mas vê se pára de me chamar de amor, pô! Quem vê, acha que tenho alguma coisa com você!
VALÉRIA - (ofendida) Nossa, que grosso! Só queria ser amável com você...
A CAMPAINHA TOCOU. VALÉRIA ABRIU A PORTA E JÚLIO BIRUTA ENTROU E SENTOU-SE AO LADO DO AMIGO.
JULIO BIRUTA - Oi, Valéria! (e para Alfredinho) Fala aí, irmão! Selminha me deu recado pra vir te encontrar no apê da Valéria...
VALÉRIA LANÇOU UM OLHAR DESCONFIADO AOS DOIS E DIRIGIU-SE PARA A COZINHA.
ALFREDINHO - O negócio é o seguinte, cara: Diana voltou de Ibiúna com o tal padreco e falou na minha cara que vão se casar!
JULIO BIRUTA - (confuso) Casar com um padre?
ALFREDINHO - (irritado) Ele vai largar a batina, pô! Cara, eu não vou perder essa parada pra um padre! É muita humilhação! Tô te dizendo, Julio: eles não vão se casar! Eu não vou deixar! Te chamei aqui porquê preciso da tua ajuda, irmão!
JULIO BIRUTA - (indignado) Que traíra essa Diana, hem! Quem diria... Tu sabe que tu pode contar comigo. Tô contigo pro que der e vier! DOCE BALANÇO CAPÍTULO 12 PÁGINA 03
ALFREDINHO - (refletiu por um instante) Tava pensando em dar um susto naqueles dois... o que tu acha?
JULIO BIRUTA - Gostei! Qual a idéia?
VALÉRIA SURGIU NA SALA, COM VISÍVEL MAU HUMOR.
VALÉRIA - Ouvi bem ou a loirinha, a tal Diana voltou de viagem? E vai mesmo se casar?
ALFREDINHO - (cortou, grosseiro) Qual é, Valéria? Deu pra ouvir atrás da porta agora?
VALÉRIA - Calma... eu só estava passando e ouvi vocês falando o nome dela!
ALFREDINHO - Não se mete nisso! Tou avisando! Fica fora disso!
CORTA PARA:
CENA 2 - APARTAMENTO DE GERMANO - BANHEIRO - INT. - DIA.
DEPOIS DOS MOMENTOS ANGUSTIANTES NA PRAIA, DIANA RELAXAVA COM UMA BOA CHUVEIRADA. FECHOU OS OLHOS E DEIXOU A ÁGUA ESCORRER POR TODO SEU CORPO. DEPOIS DE UM TEMPO, SAIU DO BOX ESFUMAÇADO, ENROLOU UMA TOALHA EM VOLTA DO CORPO E OUTRA NOS CABELOS MOLHADOS, EM FORMA DE TOUCA.
CORTA PARA:
CENA 3 - APARTAMENTO DE GERMANO - SALA - INT. -DIA.
MARCOS GIROU A CHAVE NA FECHADURA E ENTROU NO APARTAMENTO. ASSUSTADA, DIANA SURGIU, AINDA ENROLADA NA TOALHA. DOCE BALANÇO CAPÍTULO 12 PÁGINA 03
DIANA - (reagiu com alívio ao ver quem era) Marcos! É você... que bom, meu amor!
MARCOS - (admirou a jovem dos pés á cabeça) Você é linda, Diana. Fica ainda mais bela assim, ao natural...
DIANA - (sorriu, tímida) Acabei de sair do banho... Estou sozinha. Ouvi um barulho e vim ver...
MARCOS - Seus pais foram trabalhar e me deram uma cópia da chave. Precisava resolver umas coisas antes de ir a São Paulo.
DIANA - (insinuante) Então estamos sozinhos...
MARCOS FITOU-A DOS PÉS À CABEÇA, APAIXONADO.
MARCOS - Seus olhos... sua boca... sua pele... eu amo tudo em você...
DIANA ACHEGOU-SE MAIS, A EXPRESSÃO DE DESEJO NO OLHAR.
DIANA - Eu te amo, Marcos. Te quero muito.
MARCOS ERGUEU AS MÃOS PARA TOCÁ-LA, MAS, NO ÚLTIMO MOMENTO, DEU-LHE AS COSTAS, COMO QUE PARA EVITAR A TENTAÇÃO QUE O DOMINAVA.
MARCOS - Não, Diana. Temos que fazer a coisa certa. Eu não posso tocar você enquanto não for liberado dos meus votos. Ainda sou padre! Falta pouco tempo... não podemos fraquejar agora!
CENA 4 - APARTAMENTO DE MARCELÃO - SALA - INT. -NOITE.
VOSKOPOULUS ABRIU A PORTA E ISADORA ENTROU, ANIMADA.
ISADORA - Oi, Voskô! Marcelão tá aí?
VOSKOPOULUS - Está no atelier, D. Isadora.
MARCELÃO SURGIU NA SALA, SORRIDENTE.
MARCELÃO - Meu amor, que surpresa! Você aqui a esta hora?
ISADORA - Meu noivo estava cansado, me dispensou mais cedo e vim matar as saudades.
MARCELÃO - (ar malicioso) Fez muito bem... muito bem. Vem...
MARCELÃO CONDUZIU A JOVEM PARA O ATELIER, SOB O OLHAR MAROTO DO MORDOMO.
VOSKOPOULUS - (para si) Que avião! Ah, se eu tivesse essa sorte...
CORTA PARA:
CENA 5 - APARTAMENTO DE GERMANO - SALA - INT. -NOITE.
GERMANO, D. CARMEN E DIANA DESPEDIAM-SE DE MARCOS.
GERMANO - Boa viagem, meu amigo!
D. CARMEN - Vá com Deus, pa... desculpe... ainda não me acostumei a chamar você de Marcos... É a força do hábito...
MARCOS - Fique tranquila, D. Carmen. Vamos ter todo o tempo do mundo pra isso. Afinal, agora somos da mesma família.
DIANA ADIANTOU-SE A ABRAÇOU O HOMEM AMADO.
DIANA - Boa viagem, meu amor.
O telefone tocou e D. Carmen atendeu.
D. CARMEN - Alô... sim, é minha filha... quem quer falar com ela? Um momento, por favor... (e para Diana) Filha, é para você. Voz de mulher... não quis dizer o nome.
DIANA - (atendeu) Alô! Sim, sou eu. Quem é você? Escute aqui, eu não... Alô! Alô!
DIANA DEPOSITOU O FONE NO GANCHO, A EXPRESSÃO
FECHADA, GESTOS NERVOSOS. MARCOS, GERMANO E D. CARMEN PERCEBERAM A MUDANÇA NO SEMBLANTE DA JOVEM.
D. CARMEN - Filha, você está pálida... quem era? Aconteceu alguma coisa?
MARCOS - Amor, você está bem? Parece tensa...
DIANA - (tentou disfarçar com um sorriso quase forçado) Não é nada... era engano.
MARCOS - (consultou o relógio de pulso) Bom, eu vou indo, ou acabo perdendo a hora do embarque.
MARCOS E DIANA ABRAÇARAM-SE MAIS UMA VEZ, SOB O OLHAR DE APROVAÇÃO DOS PAIS DA JOVEM. O RAPAZ SAIU,LEVANDO UMA PEQUENA MALA DE VIAGEM.
CORTA PARA:
CENA 6 - PENSÃO PRIMAVERA - SALA DE JANTAR - INT. -NOITE
SENTADOS A UMA MESA DA SALA DE JANTAR, VAZIA ÁQUELAHORA, O GUARDA-VIDAS ZÉ URBANO DESABAFAVA COM A ESPOSA, D. GIGI E A FILHA, SORAIA.
ZÉ URBANO - ... isso não me sai da cabeça... Fiquei impressionado com a frieza daquele rapaz. Ele queria que a moça se afogasse.
D. GIGI - Que horror!
SORAIA - Tem certeza, pai?
ZÉ URBANO - Vi quando ele levou a moça pra nadar justamente onde estava a placa de perigo... depois, quando ela começou a se debater e a gritar, ele saiu da água e ficou olhando, sem mover um dedo pra salvar a coitada... Se eu não estivesse de olho nos dois, ela teria se afogado e, quem sabe, estaria morta agora...
D. GIGI FEZ O SINAL DA CRUZ, HORRORIZADA.
CENA 7 - APARTAMENTO DE GERMANO - INT. NOITE
D. CARMEN - Vai sair a esta hora, filha? São onze da noite... PÊGA EM FLAGRANTE, APESAR DOS ESFORÇOS PARA NÃO SER VISTA SAINDO DE CASA, DIANA PAROU NA PORTA, SURPREENDIDA PELA MÃE.
DIANA - (embaraçada) Vou, mãe... tenho um assunto urgente pra resolver...
D. CARMEN - (insistiu) Mas seu noivo acabou de viajar e vai sair sozinha, á noite? Precisa mudar de vida, abandonar essas amizades... logo, vai ser uma mulher casada e terá de se comportar como tal...
DIANA - (cortou, impaciente) Mãezinha, não se preocupe. Eu não demoro, prometo. Te amo!
A JOVEM BEIJOU A MÃE NA TESTA E SAIU.
CORTA PARA: CENA 8 - PRÉDIO DE MARCELÃO - CORREDOR - INT. -NOITE.
O ELEVADOR PAROU NO ANDAR DO PLAYBOY. A PORTA SE ABRIU E DIANA ADIANTOU-SE E ESTANCOU, DE REPENTE. OBARULHO NA PORTA DO APARTAMENTO DE MARCELÃO FEZ COM QUE A JOVEM, INCONTINENTI, SE ESCONDESSE NA SAÍDA DE INCÊNDIO. MARCELÃO E ISADORA DESPEDIRAM-SE COM UM BEIJO APAIXONADO E A JOVEM DIRIGIU-SE AO ELEVADOR. DIANA ESPEROU UNS MINUTOS E TOCOU A CAMPAINHA. OUVIU OS ACORDES DE “ALELUIA” E, EM SEGUIDA, VOSKOPOULUS ABRIU A PORTA.
DIANA - Preciso falar com Marcelão.
CENA 9 - APARTAMENTO DE MARCELÃO - SALA - INT. -NOITE.
O PLAYBOY PERCEBEU A EXPRESSÃO TENSA NO OLHAR DA JOVEM.
MARCELÃO - Diana! Você aqui a essa hora... aconteceu alguma coisa? Tá tudo bem?
DIANA - (aflita) Marcelão... é sobre as minhas fotos! Eu preciso reaver aquelas fotos. Elas não podem ser publicadas!
MARCELÃO - (surpreso) Mas o que é isso! Você recebeu dinheiro por elas! Você concordou em posar e negociar as fotos com a revista estrangeira!
DIANA - Eu sei... eu estava desesperada.. não tinha saída... Mas as coisas mudaram. Vou me casar. Meu noivo não pode saber que eu fiz aquelas fotos! Olha, Marcelão, eu vou conseguir o dinheiro e devolver tudo pra você, eu juro!
MARCELÃO - Impossível! Sinto muito, Diana. Agora é tarde, As fotos já estão na revista e vão sair na edição do mês que vem.
DIANA - (com a voz trêmula) Você vai me devolver as fotos de qualquer maneira... ou vou contar pro doutor Monteiro Prado que você tem um caso com a noiva dele, a Isadora!
MARCELÃO - (empalideceu) Mas... mas o que é isso, menina... você está fazendo chantagem comigo! Isso não combina com você!
DIANA - (a voz embargada) Pense o que quiser! É a minha felicidade que está em jogo. Aquelas fotos podem acabar com tudo. Te dou um prazo até a meia-noite pra me entregar as fotos e me garantir que não vão sair na revista!
CORTA PARA:
CENA 10 - PRÉDIO DE MARCELÃO - EXT. - NOITE.
MALU DIRIGIA SEU CARRO SEM PRESSA PELA AV. VIEIRA SOUTO, QUANDO VIU DIANA SAIR DO PRÉDIO DE MARCELÃO.PAROU NO ACOSTAMENTO E OBSERVOU A JOVEM, DESORIENTADA, ATRAVESSAR A PISTA DUPLA EM DIREÇÃO AO CALÇADÃO,.
CORTA PARA:
CENA 11 - APARTAMENTO DE VALÉRIA - SALA - INT. -NOITE.
VALÉRIA, COM GESTOS NERVOSOS, COLOCOU O PEQUENO REVÓLVER CALIBRE 32 NA BOLSA E OLHOU O RELÓGIO DE PAREDE. ERAM QUASE MEIA-NOITE. FECHOU OS OLHOS, RESPIROU FUNDO E SAIU.
CORTA PARA: DOCE BALANÇO CAPÍTULO 12 PÁGINA 09
CENA 12 - PRAIA DE IPANEMA - CALÇADÃO - EXT. -NOITE O PRIMEIRO GOLPE VEIO SEM O MENOR AVISO: UMA PANCADA NO ROSTO, DADA COM O PUNHO. ZONZA PARA SENTIR QUALQUER COISA ALÉM D UMA ENORME SURPRESA, DIANA PERCEBEU QUE ESTAVA NA PRESENÇA DA MORTE.
DIANA - Escute (quase gritando de horror) nós somos amigos! Compreenda, por favor...
OS OLHOS ERAM GRANDES E HONESTOS, MAS, NAQUELE MOMENTO, ESTAVAM CHEIOS DE MEDO. INSTINTIVAMENTE, DIANA LEVOU AS MÃOS AO ROSTO, VOLTOU-SE EM DOIS TEMPOS E CORREU PELA CALÇADA AFORA. TENTAVA ALCANÇAR O CASTELINHO, ALI PERTO, ONDE ESTAVAM SEUS AMIGOS E A PROTEÇÃO SEGURA.
DIANA - (tomada de pânico) Socorro, pelo amor de Deus! Vão me matar!
O SEGUNDO GOLPE ATINGIU-A POR TRÁS, ASSIM COMO O TERCEIRO E O QUARTO. CONTINUOU CORRENDO, MAS SÓ ENTÃO PERCEBEU QUE ESTAVA INDO NA DIREÇÃO ERRADA. CHEGARA AO EXTREMO DA CALÇADA, Á BEIRA DO PAREDÃO DE OITO METROS QUE LIMITAVA A PRAIA. TENTOU VIRAR-SE DE LADO. INÚTIL. DESEQUILIBROU-SE, CAIU NO VÁCUO, LÁ EMBAIXO, NA AREIA, E FICOU IMÓVEL.
FIM DO CAPÍTULO 12
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