quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Confissões de Laly Cap 18: Laly chega a Curitiba! (IMPERDÍVEL!)


18º Capítulo – Laly chega a Curitiba!


-Não precisa ter medo, Naira. Não vou fazer nada que você não queira. 
-Será que Deus vai gostar disso? - Naira está amedrontada
-Naira...

Mayra suspira ao ver Nilton parando em frente à Naira.

-E se alguém ver, Nilton?
-O que pode haver de errado em duas pessoas se amarem?

Naira não sabe o que responder. Por mais que disfarce, sente medo. Não sabe como agir como um garoto. Mesmo que suprima todos os desejos carnais vivendo em comunhão profunda com a igreja, Naira jamais imaginou que algum dia um garoto iria se apaixonar por ela. Essa ideia ainda a assusta.

Mayra faz figa e torce para que Nilton consiga se declarar para Naira porque sabe o quanto o primo de Iury gosta de Naira.

-Nilton... E se...

Nilton dá um selinho em Naira no meio do calçadão da praia.

-Nilton. - Naira está com o rosto todo enrubescido, mas Nilton também
-Tudo bem, Naira... Bem... Bem...
-Eu... Eu gostei...
-Eu vou embora amanhã e gostaria que desse uma resposta.
-Sobre o que?
-Como 'sobre o que', Naira? Sobre nós?
-Sobre nós?
-Eu sei que você também gosta de mim.

Naira tenta fugir de Nilton, mas ele a segue.

-Naira, é só um beijo na boca. 
-Você é que pensa.
-Duas pessoas que se amam, se beijam.
-Não posso.
-Não pode porque não quer ou não pode porque ta com medo?

Naira, assustada, desvia o olhar de Nilton e sai correndo para fugir dele. O primo de Iury está aflito, porém aliviado. Conseguiu dar a entender que está apaixonado por Naira. A tensão, lógico, é do vestibular, do incerto futuro tanto na carreira quanto com Naira, no entanto para o vestibular há muito mais esperanças que decifrar o tímido e misterioso coração de Naira.

Som: Ordinary world - Duran Duran.

Embarcar para Curitiba significou minha carta de alforria durante as festas de fim de ano. Independente da permissão de meu pai, iria passar uns dias com o Tio Abílio, Tia Conceição e meus queridos primos Dani e Túlio. 

Abílio é irmão de meu pai, mas sempre me amou como se eu fosse sua filha. Tia Conceição sempre fez questão de frisar que sou a imagem e semelhança de minha falecida mãe. Conceição sempre foi como a mãe que não pude ter. Preferia mil vezes ter sido criada pelos meus tios a ter crescido num lar onde minha presença nunca foi notada. 

Meus tios e primos fizeram questão de vir me recepcionar na rodoviária. Fui recebida como se fosse uma princesa.

-E por que o noivo não veio junto? - perguntou Tio Abílio, orgulhoso pela façanha
-Ele ta muito ocupado. - respondi, um tanto indiferente
-E aquele outro namorado, o Iury, cadê ele? - perguntou Tia Conceição
-Terminamos...

Meus olhos ainda enchiam-se de lágrimas ao falar disso.

-Está triste, Lalinha? O que você tem? - Tia Conceição me abraçou
-Decerto está preocupada com o vestibular ou é saudade do noivinho... - Tio Abílio encerrou a conversa por ali

Procurei manter a calma e mudar de assunto, pois já fazia quase um ano que não via meus parentes. Mesmo sendo visita, gostava de ajudar a Tia Conceição com as tarefas de casa.

-Deixe disso, Lalinha. Você é visita, querida. - frisava Tia Conceição
-Gosta de torta de limão? - perguntou Dani
-Adoro! Aliás, faz um baita tempo que não como... - comentei
-Ah que ótimo! Preparei às pressas porque sabia que você ia chegar... 
-Mas não precisavam se incomodar com nada.

Tia Conceição e Dani eram melhores amigas. Amigas mesmo. Apesar de só conviver esporadicamente com meus tios, não conseguia imaginá-los surtando e espancando os filhos. Tio Abílio falava vagarosamente, pacientemente e continuava inabalavelmente apaixonado pela esposa. Daniela e Túlio eram os razões de sua vida e por eles todos os sacrifícios eram válidos.

-Posso pelo menos ajudar a arrumar a mesa? - me ofereci para ajudar
-Não, Lalinha. Apenas aproveite suas férias. - respondeu Tio Abílio enquanto ajudava Dani e Tia Conceição

Se em meu lar a hora da refeição era uma tortura por conta do silêncio ou mesmo das provocações e humilhações, na casa de meus tios sentia vontade de chorar por ser acolhida com o carinho que sempre desconheci.

-Quem diria que aquela princesa que vi crescer já está prestando vestibular... - Tio Abílio dizia com brilho no olhar
-E vai ser uma ótima jornalista. Mal vejo a hora de ver minha querida afilhada exercendo a profissão. - Tia Conceição sonhava
-Deus os ouça.
-Ele está ouvindo, querida. Ele sabe que você merece muito isso. 
-E quando for jornalista, faz uma entrevista com a futura dentista aqui. - Dani completou

O choro estava atravessado na garganta. Pudera meu pai e Eleonora me dizerem todas aquelas palavras de incentivo e me tratar com tanta ternura que por vezes me fazia olhar para o outro lado da mesa e ver se não havia mais alguém ao meu lado.

-Você vai gravar uma reportagem lá no meu consultório e todo mundo vai conhecer a doutora Daniela Menezes Moraes... 
-Chorando, Lalinha? - perguntou Túlio
-Eu? Não... - respondi com a voz embargada pela vontade de desmoronar
-Lalinha...

Tio Abílio conheceu minha mãe, me viu nascer e crescer. Mesmo não estando 100% do tempo comigo, sabia se eu estava feliz ou não. Era óbvio para qualquer leigo que havia algo de muito errado comigo.

-Quer um copo de água com açúcar, querida?

Tia Conceição se levantou da mesa e queria de todas as formas me cortejar.

-Não, tia. Não preciso de nada. 
-Se são saudades do noivo, por que não telefona?
-Eu juro que estou bem. Por que não continuamos jantando?
-Nós somos sua família, Lalinha. Se estiver com vontade de chorar, não precisa disfarçar. - Daniela se levantou para me abraçar

Eles jamais entenderiam o que eu estava enfrentando. Ninguém jamais poderia me ajudar, então para que contar?

-Quer ouvir uma piada, Lalinha? Vou fazer você rir num instantinho com uma piada que aprendi na escola. - Túlio era mesmo uma gracinha
-Túlio conta umas piadas muito boas. - avisou Tio Abílio

Era gostoso ficar proseando com a tia, lhe contando todas aquelas coisas que só nós mulheres entendemos enquanto lavávamos e enxugávamos a louça. 

Minha prima Daniela tinha a mesma idade que eu e já estava terminando o primeiro ano de Odontologia. Agradecia a Deus pelas férias de dezembro. Dani estava namorando firme o Everton fazia mais ou menos um ano. Lembro-me bem de sua última carta. 

Tio Abílio e Tia Conceição eram mais liberais, tanto que a Dani sempre foi muito a vontade para falar de seus sentimentos e cresceu bem resolvida, sabendo que era mesmo amada e querida. Eu não. Sempre me senti uma intrusa e pensava que sem mim todos viveriam muito mais felizes. 

Nessa viagem procurava me esquecer da angústia que me rodeava. Deixei Iury e Gustavo na estrada. Pensaria um pouco mais em mim.

Som: Flores (acústico) - Titãs & Marisa Monte.

Edílson, Eleonora e Gustavo estão reunidos em um restaurante onde conversam. Todo planejamento é pouco para trazer Laly de volta a Guaratuba e apressar o ‘casamento do ano’.

Gustavo Figueira Antares é um homem que não aceita ser derrotado e sabe que Laly pode denunciá-lo, então de todas as formas tentará oprimi-la e manipular seus conhecidos para que as palavras da jovem soem como piada a todos.

Enquanto Edílson e Eleonora, esfomeados, se estufam no rodízio de massas e carnes, Gustavo bebe lentamente um cálice de vinho branco, enojado com a falta de modos dos pais de Laly. A raiva certamente o ajuda a pensar com requintes de perversidade.

-Amanhã mesmo subirei a serra e buscarei Laly. - avisa Gustavo
-Será que Laly perdeu o juízo? Com um casamento praticamente consumado, ela ainda insiste nessa história de jornalismo? Será que ela não percebe que só irá perder tempo fazendo essa prova?
-Ela não irá fazer essa prova. - Gustavo sorri maliciosamente
-E o que pretende fazer? - questiona Eleonora
-Confiem na minha astúcia e nada mais. 
-Laly é mesmo um caso perdido... - suspira Edílson
-Eu saberei como domar a fera.
-E é bom que seja ligeiro. Não se sabe do que ela e Iury unidos possam ser capazes. - Eleonora destila seu veneno

Som: Dove - Moony.

-Laly não está bem. - Abílio conta a Conceição antes de dormir
-Está com saudades do noivo, Abílio.
-Não gostei nada de ver aqueles hematomas no rosto e nos braços da minha afilhada. Alguma coisa não está certa... 
-Também percebeu os hematomas?
-Laly aparentou estar amedrontada. Quando a abracei pude perceber isso. 
-Eu também, meu querido, mas temo fazer perguntas invasivas e deixar Laly constrangida.

Daniela percebe que Laly evita mencionar tanto Iury quanto Gustavo. As primas estão sentadas na cama de Dani. Laly está fazendo cafunés na cabeça da prima.

-E você, Laly? Quase não falou nada hoje. Já falei do Evandro, contei até a história da vó dele e você nem sequer abriu a boca. 
-É interessante ouvir você. 
-Interessante é você, gata. Ta arrasando corações em Guaratuba... Ta noiva e ainda ta com o Iury... Ta passando o rodo por lá... 
-Não pretendo me casar. 
-Ainda gosta do Iury, né?
-Não quero saber de ninguém. Quero apenas focar nos estudos, me formar e viver minha vida.
-Não acredita mais no amor?


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