segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Confissões de Laly Cap 20: Tensão pré-vestibular!



20º Capítulo – Tensão pré-vestibular!

Som: Never knew love like this before - Stephanie Mills.

Naira acende uma vela de 7 dias. Emília, que está preparando o almoço, pergunta:

-Alguma causa impossível?
-Bem impossível...
-Parece angustiada, filha.
-Eu, angustiada? Estou ótima!
-Eu te conheço, Naira. Sei que não está bem.
-Se não estivesse bem, estaria de cama. Por acaso estou doente? Não, mãe. 

Naira se retira. 

-E essa Naira pensa que vive de vento... Não toma café, não almoça... Como é que quer parar de pé se não coloca nada na boca? - suspira - Ai essas paixonites!

Emília percebe que Naira não é a mesma, que algo está preocupando a garota, mas ela é tímida e orgulhosa demais para confessar. Mesmo com vontade de ajudar, Emília se mantém calada e deixa espaço para que Naira se sinta a vontade para procura-la.

Mayra, saltitando, chega até a cozinha. Emília nota que a filha caçula está mais contente.

-Pra estar contente assim ou escreveu cartinha pro Papai Noel ou viu um passarinho verde...
-Bom, não vi o passarinho verde, mas desde ontem to pra te contar um babado, mãe. - Mayra arrasta uma cadeira e apanha o ralador de cenoura
-Babado, Mayra? E o que é, agora?
-Ah, mãe, mãezinha... - alegre - A Naira ta amando...
-Naira?
-Ah mãe, se tivesse a visto com o Nilton ontem...
-Naira ta namorando e não me falou?
-Não, mãe, ela ainda não ta namorando, mas ta apaixonada...
-E como é que sabe se ela nem te conta nada?
-O olhar não engana.
-Olhar... Olhar... Naira vai é se internar no convento...
-Não se o Niltinho for esperto...

Som: Olhos certos - Detonautas.

Fernanda está brincando com o atari de Gabriel na sala quando escuta a campainha. Sabe que não se trata de Grazielle porque Gabriel e ela já saíram. Iury também não poderia ser porque ele e Aimée também estão fora de casa.

-O Mário jamais me visitaria a essa hora do dia.

De qualquer forma, Fer vai atender a porta. Trata-se de Milene.

-Oi...

A voz de Milene sai quase rouca. Nada pode dar errado.

-Oi. - Fernanda a cumprimenta
-Você me conhece? - pergunta Milene quase como uma menininha indefesa

Som: Never knew love like this before - Stephanie Mills.

Sem Nilton, nem a missa tem graça para Naira. Ela caminha pelo calçadão sem companhia, vê outros adolescentes namorando, curtindo e sente a falta de Nilton. Nunca pensou que se importaria tanto com a ausência dele, mas está. E isso a machuca, a deixa sem ar, sem chão. Até Mayra que é 3 anos mais nova sabe mais sobre beijo e garotos do que ela.

Existe o fator religião pesando muito na decisão, mas há também a vontade de se deixar cativar, de ser amada como nunca foi e pode nunca vir a ser. Pode ser um beijo e que seja, mas o problema é saber o que reserva esse beijo, como será, ainda mais a reação de Nilton.


Som: Uma carta – LS Jack.

Gilberto adora pescar e convidou Aimée Iury para lhe fazerem companhia. O casal aceita. Gilberto está meditando no barco enquanto Aimée e Iury se beijam atrás de uma árvore e o jovem, muito mais safado que na noite anterior, agarra a namorada pela cintura e beija o pescoço da ruiva, o grande ponto fraco, de todos.

-Iury, para. – tentando recuperar o fôlego e ao mesmo tempo rindo – Meu pai pode olhar.
-Olhe ele... Não está dando a mínima para nós.

Para Gilberto a arte da pesca tem a capacidade de fazer com que desligue-se inteiramente do mundo.

-Mas ele pode olhar.
-Seus beijos não são de quem só quer olhar. – Iury continua beijando o pescoço de Aimée e a bolinando de forma que a ruiva se excite – Ora, a barraca está vazia...
-Está louco?
-Por você, sim. – ergue de leve a regata azul de Aimée – Ele sabe?
-De nós, sim. Mas não do resto.
-Vamos, Aimée. Eu quero repetir a noite passada.
-Agora não, Iury.
-Tem de ser agora.

Aimée pressiona o dedo indicador contra os lábios de Iury e a leviandade em seu olhar indica que não só uma como mais transas ocorrerão, mas não na barraca, visto que Gilberto costuma dormir um pouco após o almoço.

Iury tem sua camisa desabotoada por Aimée que se despe em questão de segundos, permanecendo apenas com a parte de baixo do biquíni. Iury não deixa de admirar as formas femininas e sedutoras de Aimée, o que o intimida a desamarrar o tênis e provocar a parceira.

-Quer que eu mesma tire, não?

Iury faz beicinho. Os namorados se abraçam e se beijam encostando-se a uma árvore e se beijando com tanto ardor que poderiam passar o resto do dia sem serem perturbados. A transa é consumada no mato, totalmente selvagem como os amassos que precedem o clímax, a prolongar a diversão e a vingança contra Laly.

Som: Never knew love like this before - Stephanie Mills.

Naira voltou para casa e foi para o quarto sem almoçar. Emília percebe que a porta não está trancada. Entra no recinto e encontra tudo escuro e Naira chorando em posição fetal. Se senta na cama e faz carinhos nos pés da filha.

-Posso lhe fazer companhia?

Naira se vira para o outro canto. Emília se aproxima mais da filha e coloca um travesseiro no colo para apoiar a cabeça de Naira.

-Eu sabia que um dia o amor ia chegar pra você também, minha filha. Ta doendo tanto, não é mesmo?
-Eu não sei o que ta acontecendo comigo.
-Eu sei. Se chama saudade.
-Eu nunca tinha me sentido assim... (se senta na cama) Parece que uma parte de mim morreu...

Emília abraça a filha.

-Dor de amor.
- Não sei como fazer isso passar. Eu tento não pensar, mas ele ta sempre lá...
- É, minha filha, saudade costuma doer assim mesmo. No meu tempo não era muito diferente não. Ficar longe de quem a gente gosta...
-Não quero falar sobre isso.
-Por que tem vergonha de falar comigo? Eu já tive sua idade, Naira. Eu já passei por tudo que você ta passando e por muito mais.
-Eu me sinto tão estranha, não quero que ninguém me veja.
-Minha filha, não tenha medo nem vergonha, você ta amando. Que isso tem de errado? Que tem de errado em amar? Vai, me diz...
-Eu não sei se é certo.
-Sofrer é que não é certo. Se Nilton fosse um rapaz mau caráter que nem o primo dele, que pula de cama em cama e só engana, eu não te deixaria chegar perto dele, mas Nilton é um rapaz tão bom, com um coração tão puro, ingênuo, ta gostando tanto de você, querida. É tão lindo isso. Tão lindo e tão difícil de acontecer. Duas pessoas realmente se amarem e poderem se amar, então, minha filha, não deixe que esses medos que te prendem sejam mais fortes que os seus sentimentos. Eu te garanto, minha filha, maior pecado é renegar o amor, fugir dele, matá-lo. Mas tudo bem se você quiser chorar. É bom... É bom botar pra fora o que ta guardado, o que envenena.

Som: Olhos certos – Detonautas.

Fernanda não se sente inteiramente convencida acerca da visita de Milene, pois até onde sabe nunca trocou uma palavra com a jovem.

 -Ainda não fomos apresentadas.

Milene se identifica e está segurando em mãos um tapewere com pedaços de bolo de chocolate.

-Gostam de bolo?
-Adoramos!
-Ai, eu também. É só uma pena que eu esteja me recuperando de uma grave doença e não possa comer. A May disse que o bolo está uma delícia e me mandou trazer pra saudar Aimée.
-Saudar Aimée por quê?
-Aimée não veio em melhor hora.

Milene, vestindo a máscara da garotinha bondosa, difama Laly para Fernanda transformando a protagonista na vilã mais maledicente e perversa do mundo.

-Laly não é essa santa que a Mayra pinta por aí não. Isso aí é tudo falsidade, pura hipocrisia...
-Ah não?
-Não. Vê se não acredita muito no que a Mayra diz porque ela é muito mentirosa. Ela até hoje tem amigo imaginário e conta tanta lorota lá no colégio que todo mundo morre de ódio dela.

Mayra é muito querida na escola por ser extrovertida e comunicativa. May é sincera e não esconde suas insatisfações. Pode não namorar nem ser a gostosona entre os meninos, entretanto, apesar das brincadeirinhas infantis, os colegas a respeitam muito, ainda mais por conhecerem a garra de Mayra em dar a volta por cima com estilo após o falecimento de Mauro, seu pai. Milene é odiada e Laly ainda não entende os motivos de tanta aversão das pessoas por Mili.

-Mas a May é tão querida, tão gente boa...

-Ela e a Laly podem até ser, mas é tudo fachada. Com o tempo você vai perceber que elas não valem nada...

Som: Dove - Moony.

Tirar férias na casa de meus tios era definitivamente como viajar na máquina do tempo e poder reviver os momentos felizes da minha infância. Deus sempre nos compensa, de algum modo, com seu jeito benevolente sempre faz nascer uma flor em um triste jardim para que saibamos que mesmo quando nos sentimos abandonados, Ele está olhando por nós. Meus tios eram anjos disfarçados. 

Após o jantar, Dani e eu saíamos para conversar com os vizinhos. Todos nós crescemos juntos. Brincamos e brigamos diversas vezes, mas sempre fizemos as pazes e no final do verão sentíamos saudades de tudo, até dos machucados no joelho. 

Se dissesse que fui uma criança 100% infeliz, estaria mentindo. Minha imaginação me libertou, foi minha válvula de escape da realidade e me ajudou a ter objetivos, tentar sempre encontrar possibilidades perante as adversidades. 

Nossos dois vizinhos de porta, gêmeos idênticos, estavam aderindo a moda da dance music européia. Nunca cheguei a saber seus nomes verdadeiros, pois todos conhecíamos como Fuinha e Dorminhoco.

-Lembra deles, né, Lalinha?
-Claro...

Fuinha era caxias e queria estudar Engenharia. Dorminhoco nem sabia direito o que fazer da vida, mas se inscreveu em Direito. Fuinha queria namorar, mas tinha um azar danado com as mulheres. Dorminhoco só queria saber de pegar e vivia rodeado das gatinhas.

Eles foram fazer cursinho pré-vestibular naquele ano. Fuinha vivia com a cara nos livros enquanto o irmão sentava lá no fundão da classe e gazeava aula pra tomar chopp. Não parecia nem um pouquinho amedrontado com o vestiba enquanto o irmão estava com a saúde debilitada por conta da apreensão.

-Se estiver sem namorado, gata, é só falar comigo... -Dorminhoco era assanhado
-Não ligue pro Dorminhoco. Ele é um imbecil. - Dani zoava o amigo
-Prontos pra maratona? - perguntei
-Acho que nem vou dormir essa noite. - confessava Fuinha
-Também não é pra tanto, mané. Toma umas biritas comigo que você já relaxa.

Para Dorminhoco o vestibular seria apenas outro desafio qualquer. Ele não se depreciava como também não se garantia.

-Muito nervosa, Laly? - perguntou Fuinha
-Um pouco ansiosa sim... - confessei

Sabia que Nilton também viria para Curitiba fazer a prova, mas não chegamos a nos ver.

-A prova é amanhã, gente.

Fuinha estava irritando com esse negócio de só falar em vestibular. Isso acabava me deixando mais apreensiva. 

Imaginei talvez que quando entrasse na sala de aula e sentasse em minha carteira, uma folha de papel gigante entraria pela porta e apontaria uma metralhadora na direção de nós vestibulandos. Por isso mesmo o chato do Fuinha não arrumava namorada. Menina nenhuma gosta dessa pressão toda.




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