Então é Natal! – Parte 1
Fernanda amanhece sorrindo e vai visitar May ainda cedo, contando a amiga que teve uma noite prazerosa e bastante agradável com Abel.
- Com ele, Fer?
- Uma ficadinha de nada.
- Toma cuidado que esse negócio de ficar é sério.
- Ai miga, é só pra curtir mesmo. Ele ta solteiro, eu to também e é parte do meu plano de vingança.
- O negócio é o seguinte, amiga: vou ficar e chutar. Acha mesmo que eu ia me apaixonar por aquele cafajeste? – pensa – E o pior é que eu estou apaixonada por ele, Deus. Por que essa sorte?Por que só me deparo com cafajestes?
- Laly sabe?
- Nem saberá.
- Se não passar de uma ficada, aceito guardar segredo.
Som: Flores (acústico) – Titãs & Marisa Monte.
Apesar dos bilhetes incriminadores continuarem atormentando Eleonora, a megera e Gus continuam unidos para colocarem em prática o grandioso plano de vingança do vilão.
-As festas de fim de ano atrasarão todos os nossos planos.
-Você que pensa, Gus. Se aceitar meus palpites.
-Se aceita-los, afundarei.
-Poderia ser mais modesto.
-Está bem, está bem. O que é? – engrossa a voz
Som: Wish you were here – Avril Lavigne.
Pepo ganharia seu principal presente no dia 25 pela manhã, mas como não para mais de chorar, Nilton concorda em buscar o filhote de yorkshire terrier de 2 meses para fazer a criança sorrir. O cãozinho está dentro de uma caixinha azul com um laço prateado.
Naira e Nilton entram no quarto de Pepo na manhã do dia 24. O menino ainda está de pijama e com a voz engrolada.
-Pepo! – Nilton se senta na cama do filho
-Já é Natal?
-Pra você sim.
-Bem, querido, como você está se comportando bem, seu pai e eu concordamos que abra um presente antes. – Naira simplifica
-Um presente?Ele ta se mexendo.
Nilton entrega a caixa nas mãos de Pepo que desfaz o laço, abre a tampa e encontra um cachorrinho faceiro que logo o lambe e fareja.
-Um cachorro!
-E é seu. – Nilton avisa – Agora terá de cuidar dele...
-Ele é lindo. Posso mostrar pra sardentinha?Ela vai morrer de inveja... O seu Gilberto não a deixa ter bichinho nenhum.
E realmente Lílian fica bastante enciumada com o presente de Pepo, ainda mais que por conta do assalto, não terá Natal.
-Tudo compensação porque você ficou sem mamãezinha.
-Invejosa. – Pepo mostra a língua para a prima
-Ele vai fugir.
-Não vai não.
-Vai sim e ele é feio.
-Não é feio não.
-É sim... Ta aí algo em comum com o dono.
Som: Superstar – The Carpenters.
Edílson sente-se particularmente triste porque o Natal o faz lembrar de tudo aquilo que tenta esquecer. Para Eleonora, disfarça como sempre faz.
-Odeio essas músicas irritantes de Natal. Ninguém nem mesmo lembra qual é o sentido disso tudo.
-Eu me lembro e como sinto falta de ser menino lá na minha cidade.
-Ah Edílson, não vá começar com essas histórias chatas. Pelo amor de Deus.
-Não quer visitar seus parentes?Não me sinto feliz aqui nessa solidão toda.
-Para mim está bom, mas, se não se importar, convidei mais gente para cear conosco.
-Tanto melhor. Quem vem?
-Gus e Lalinha!
-Lalinha vem cear conosco?
Edílson nem sequer acredita no que ouviu.
-Sim, Edílson. É Natal e, além do mais, Laly é sua filha.
Edílson segura o choro. Mesmo que renegue Laly da boca para fora, gosta de ter notícias da filha.
-A pior parte eu já fiz, Gus. – Eleonora avisa ao telefone assim que Edilson sai
-E o velhote não chiou?
-Nada, Gus. Edilson é meu servo.
Som: I don’t know (acoustic) – Erika.
Era estranho conversar com Eleonora sem indiretas. Sabia que ela não se transformaria exclusivamente por ser Natal, mas a verdade é que em todos esses anos eu nunca quis tanto algo como abraçar meu pai. Às vezes eu ia mais longe e queria ser uma criança, impedí-lo de conhecer Eleonora para sermos felizes.
Eu convivi sob o mesmo teto, porém não o conheci. Nunca soube o que o alegrava, se algum dia por mim nutriu mais que apenas indiferença.
E eu sentia medo. Fui condicionada a não chorar porque adultos precisavam ser fortes. No entanto, estava amedrontada, tal como Lílian no Show de Talentos.
Iury jamais soube de meus anseios, mas estávamos trocando tantas confidências que senti-me obrigada a desabafar com ele antes que fosse embora para passar o Natal em família em Joinville.
-É uma sensação estranha!
-Posso ir com você, se quiser...
-Eu ficarei bem, Iury.
-Tantos anos já se passaram, Lalinha. Não há mais por que esconder-se.
-Você não entenderia.
-E por que não?
Desmoronei e naquele momento não gostaria de estar em mais nenhum lugar.
Som: Cada um cada um – Claudio Zoli.
Sem dinheiro, Gilberto e Cybele resolvem se unir para comemorar o Natal de um modo bem diferente. Lílian, enciumada por causa de Pepo, não se conforma em não ganhar presentes e está emburrada no sofá.
-Natal sem presente não tem graça!
-Mas o Natal não se resume a presente, Lílian. Não se lembra do grande aniversariante de hoje?
-Ah sim...
-Infelizmente você e muitas pessoas estão invertendo o verdadeiro significado do Natal, vivendo nessa correria louca por presentes, ceias fartas, bondade plástica e com prazo de validade pra continuar fazendo vista grossa aos necessitados o resto do ano e praticando boas ações só para serem recompensados. O Natal realmente passou a ser apenas um negócio lucrativo. Acho que são muito poucos os que mantem vivo o verdadeiro espírito desse dia.
-O Pepo ganhou um cachorro e vai ganhar um monte de presentes.
-Porque certos adultos irresponsáveis e imaturos estão tentando compensar a falta de juízo.
Som: Angel – Jon Secada.
Emília tenta convencer Nilton a deixar Pepo ver May no Natal, mas Nilton continua irredutível.
-Pelo menos hoje que é véspera de Natal, Nilton.
-Não, Emília. Eu já disse que não.
Pepo continua triste em seu quarto e olha para um retrato de May o segurando por entre os braços quando ainda era apenas um recém-nascido. O menino chora e abraça o porta-retrato.
-Como eu sinto sua falta, mãe.
Mayra também chora pensando em Pepo, olhando a primeira roupinha usada pelo garoto assim que saiu da maternidade e na sua mente revive muitos momentos felizes ao lado do filhinho.
-Espero que Deus esteja vendo tudo isso... Deus sabe que Pepo e eu não merecemos o que Nilton está fazendo conosco.
Naira ama Nilton e sofre porque sua escolha causou uma tragédia sem precedentes e não disfarça a indignação por ver o amado refutando os direitos de May e Pepo. Angustiada e ajoelhada reza na igreja.
Som: Keep it turned on – Rick Astley.
Fernanda ajuda Gilberto a preparar a ceia. Laly também participa da preparação dos pratos na cozinha.
-Você vai mesmo ver seu pai?
-Às vezes tenho medo de que ele bata a porta na minha cara.
-Vai dar tudo certo, Laly.
-Se puder, venha cear conosco, Lalinha. Você também é parte da nossa família. – Gilberto avisa enquanto cuida do peru no forno
Pepo está acariciando o yorkshire na área da casa e só está lá porque Nilton certificou-se de que May não estaria presente. Yasmin e Rafa estão jogando videogame e Lílian resolve puxar conversa com o primo:
-Posso passar a mão nele?
Pepo deixa Lílian pegar o bichinho no colo.
-Ele é lindo. Já tem nome?
-Bolinha.
-Ele gostou... – pergunta – Não vai ver sua mãe?
-Meu pai disse que ela não quer mais me ver.
-Que mentiroso!Tua mãe ta sofrendo muito por causa de você. Sente saudades dela?
-Muito. Sente saudades da sua?
-Às vezes, quando não consigo dormir, fico imaginando que seria legal se ela estivesse aqui agora.
-Pensa no seu pai?
-Bem, o vô Gilberto é meu pai, não lembra?Mas, falando sério, se você pudesse pedir algo agora, o que seria?
Naira ficou encarregada de buscar Pepo na casa de Gilberto. May passará as festas de fim de ano com parentes em Curitiba e foi para a rodoviária.
-Pepo, seu pai ordenou que viesse.
-Ah, não posso ficar mais um pouco?
-Nem mais um pouco.
-Pepo não pode cear com a gente? – Lílian pergunta
-Não, não pode.
-Sabia que você tinha que estragar tudo. – Lílian dá um muxoxo e entra em casa
Naira detesta mentir, mas não suporta mais ver Pepo sofrer, muito menos May, então resolve leva-lo até a rodoviária para pelo menos mãe e filho se verem antes da noite de Natal.
-Não estamos indo pra casa. Vamos viajar?
-Algo melhor...
De longe, Pepo reconhece May e eles correm um ao encontro do outro.
CONTINUA...
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