quarta-feira, 25 de abril de 2012

Confissões de Laly Cap 149 - Por instinto! (IMPERDÍVEL!)



Por instinto! (ESPECIAL!)

Abel estava sendo torturado por dois homens muito mais fortes. Vê-lo reduzido a nada me fez chorar mais ainda.

-O que estão fazendo com você, Abel?

-Melhor você não se meter. – recomendou um dos brutamontes

-Dá pra soltá-lo?

-A menos que queira morrer no lugar dele...

Agachei-me para permanecer ao lado de Abel. Estava machucado, gemendo de dor, amarrado contra uma árvore, mas ainda era o meu Abel, meu amor e não deveria me ater ao egoísmo naquele momento. Não ali, não quando nossas vidas corriam risco.

-Lalinha, melhor não. Melhor não se aproximar. – recomendou Abel

Dali eu não sairia. Não mesmo.

-Me deixa, Lalinha.

-O que fizeram com você, Abel?

Abel estava colecionando hematomas e cheirando a gasolina, a mesma que Eleonora portava em mãos e sorria.

-Perdeu alguma coisa aqui?

O cenário do crime era o mais tenebroso possível. Eu me sentia na obrigação de salvar Abel.

-Parece surpresa, Eleonora.

-O que está fazendo aqui?

-Lalinha, vai embora. – implorava Abel

-Mas vão machucar você.

-Não tem importância.

-Como não tem importância? – me exasperei – Está aí cheirando a gasolina, vão incendiar seu corpo e você me pede calma?

Som: Never can say goodbye – Jackson 5.

Cybele está sentada no sofá com os pensamentos direcionado a Gilberto, a todas as boas lembranças do breve casamento com o avô de Lílian e junto com elas também a tristeza pelo fim dos sonhos. Yasmin, mais apegada a mãe, percebe as lágrimas e se senta ao lado da mãe.

-Quer que eu troque de música?

-Não, não precisa.

-Mas está chorando.

-Às vezes é bom chorar, querida. – acaricia as mãos da filhinha – Deus inventou o choro para o homem não explodir.

Rafael, mais curioso, remexe nos discos.

-Cada disco, hein? Pena que eles não existem mais...

Desde Sinatra até Cindy Lauper, Cybele e Gilberto tinham gostos musicais bastante semelhantes, mas o que chama mesmo a atenção de Rafa é achar uma pasta de couro.

-Manhê, que é isso?

-Isso o que, Rafa?

Rafael entrega a pasta de couro nas mãos de Cybele.

-Isso aqui. Veja...

Som de suspense...

Novamente Eleonora tiraria de mim alguém que amo. Novamente aquela megera nefanda nos vencendo com o mal. Eu não sei se suportaria mais uma perda em um espaço de tempo relativamente curto.

Eleonora e seus comparsas tramaram o crime perfeito. Caso algo acontecesse com Abel, Iury seria o culpado.

-Eleonora, por que não acaba logo com isso? – suplicou Iury – Ninguém mais aguenta isso.

-Enquanto eu não ver um por um enterrado eu não sossego.

-Sua louca, desequilibrada... – avancei em Eleonora para puxar seus cabelos, mas fui empurrada contra o capô do carro

-Somos 3 contra 2. – me chutou – Aceite que perdeu, queridinha.

Mesmo zonza, apoiei-me contra o capô do veiculo para me levantar.

-Lalinha, melhor você ir. – até Iury aconselhou

Abel já não tinha mais forças para gritar. Estava sem defesa e Eleonora se aproveitava disso para humilhá-lo.

-Por que não acaba com isso logo?

-Acabo com você agora mesmo.

Os capangas de Eleonora desamarram Abel do tronco da árvore e o carregaram até o automóvel onde o atiraram no banco de trás e fecharam a porta com grosseria.

-Vão queimá-lo vivo?

-Poderia ser pior, não?

-Você não tem coração não.

-Se não tivesse, você não estaria aqui.

-Por que tanta implicância comigo? Posso saber?

-Eu sempre te odiei, suas desgraçada. Você sempre esteve em meu caminho arruinando minha vida, meus sonhos, mas a vida já está te fazendo pagar por tudo que fez contra mim.

-Eu nunca fiz nada contra você, sua louca.

-FEZ SIM.

-ENTÃO ME DIGA O QUE EU FIZ, POR FAVOR. SE EU TE FIZ ALGUMA COISA, PEÇO DESCULPAS, MAS, POR FAVOR, NÃO ENVOLVA MAIS PESSOAS NESSE SEU JOGO DOENTIO.

Um dos comparsas de Eleonora olhava as horas e respirava alto, execrando minha presença. Iury parecia sem alternativas. Eleonora apenas sorria enquanto me fitava da cabeça aos pés.

-Vai, me diz o que eu fiz de tão errado pra você. Aliás, o que uma criança de 6 anos faria, sua louca?

-Você é idêntica a sua mãe.

-E isso deve lhe incomodar um bocado, não é mesmo?

Quando soube do terrível fim de mamãe, dias antes, só consegui dormir a base de muitos calmantes. Nunca poderia imaginar que tanta maldade me cercava.

-Você arruinou a vida de meu pai o fazendo pagar por um crime que nem sequer cometeu...

Os olhos de víbora debochavam de meus clamores. Eu me sentia falando sozinha. Eleonora era cínica demais para oferecer um bom argumento. Me derrotaria pela exaustão.

- Você sabe que ele sempre a amou mais do que a qualquer outra coisa no mundo, até mesmo mais que a mim, filha biológica.

-Estou um pouco sem tempo para relembrar o passado.

-O passado rege sua vida. Se vivesse no presente não estaria enlouquecendo com esse nefasto plano de vingança o qual só está trazendo sofrimento e dor a todos. Ninguém sai vencedor nessa história.

Levei uma bofetada no rosto.

-Por que não cala essa boca, hein?

-Então por que não acaba com tudo isso?

-Só vou acabar quando me der na telha. – ameaçando riscar um palito de fósforo na caixa – Pensando bem, você tem razão... – riscou o palito - Vamos acabar logo com isso.

Eleonora ateou fogo no carro e o desespero tomou conta de mim.

Som: Yesterday once more – The Carpenters.

Chorando, Fernanda conversa com Celso ao telefone.

-Meu pai fez um testamento, é isso?

-Exatamente. Só não solicitei a leitura porque pensei que os papéis tinham sido consumidos pelo incêndio.

Quando termina de falar com Celso, Fernanda tenta entrar em contato com Lílian, mas a garota já foi dormir. Quem atende é Biel.

-Não sabia que papai fez um testamento.

-Creio que não deva ter nenhuma novidade. Ninguém jamais confiaria a guarda de Lílian a mim, mas gostaria de poder a qualquer dia desses visitar minha menina. Sinto muita saudade.

-Lílian também sente.

Lílian, chorando como faz todas as noites antes de dormir, ouve a conversa escondida no corredor.

Som de suspense...

Iury e eu estávamos correndo contra o tempo para salvar Abel. O mais primitivo dos elementos freava nossas estratégias.

-Eu acho melhor chamar uma ambulância. – sugeriu Iury

-Quando a droga da ambulância chegar, Abel já estará morto, seu idiota.

-E O QUE VOCÊ QUER QUE EU FAÇA?

-POR QUE NÃO VAI EMBORA?

-VOCÊ NÃO SABIA QUE EU JÁ ESTOU SENDO ACUSADO DE UM CRIME QUE NÃO COMETI?

-E quem pode saber? Nem para a sua filha você deu bola. Nem sequer correu atrás para impedi-la de ir. Aliás, todos sabem que esse amor que você diz sentir por Lílian não passa de remorso por ter usado Aimée na sua vingançazinha ridícula contra mim.

Iury estava me encarando como se eu fosse um lixo. Por causa dele eu tive medo de amar outras pessoas. Por muito tempo eu me fechei no ódio para não me ferir e pensava que o que vivemos era o melhor que me aconteceria, mas olhando para ele naquele instante não me senti nem um pouco infeliz ao pensar que no último instante Figueira Antares acabou por me fazer um favor.

Enquanto Abel tentava se soltar para fugir, berrava por um socorro que jamais chegaria. A agonia me fez partir para cima de Iury e então ele me empurrou contra o vidro traseiro empenhando no ato um inexplicável ódio contra mim, o sentimento que por muito tempo foi confundido com amor.

Com o estepe caído no chão, procurei me defender. Iury parecia muito convicto de sua força bruta. Um dia todo psicopata se revela.

-Um passo a mais e eu acabo com você. – fiz menção de acertá-lo

-Quero ver se tem coragem.

-Tanta quanto você.

Quando Iury tentou desferir um soco, o ameacei com o estepe e acabei estilhaçando o vidro traseiro.

-Abel?

As chamas já estavam chegando perto do banco do passageiro.

-Leoa, eu vou morrer.

-Abel, eu vou te tirar daí.

Com força consegui abrir o porta-malas e o arrastei até longe do automóvel. Iury saiu correndo.

-Lalinha...

-Eu vou te tirar daqui...

-Eu acho que não dá mais tempo.

-Dá sim...

Estava sentada fitando bem dentro de seus olhos e libertava Abel de todos aqueles nós. Mesmo não muito longe do fogo, por um momento nos mantivemos coração contra coração, sentindo nossa respiração ofegante ser a única voz no matagal.

-Eu te devo minha vida, leoa.

-Que isso, Abel.

-To falando sério, leoa.

Verdade seja dita: algo muito forte me levou a dirigir por aquelas bandas. Não tinha nada para fazer lá. Chamaria isso de intuição ou desagradarei aos céticos de merda que se sentem superiores duvidando de tudo o tempo todo como isso lhes desse algum tipo de crédito especial.

-Me leva pra casa, leoa.

-Acho que você precisa ir para o hospital. Está fraco e desidratado, precisa de cuidados.

-Cuida de mim então, leoa?

-As enfermeiras cuidarão melhor de ti.

-Quero que você seja minha enfermeira, mas não no hospital. Lá a comida não tem gosto de nada. Quero que todos saibam que devo a você minha vida.

-Bogabem, Abel. – sorria e o aperto no peito me indicava outra direção - Eu acho que devo a minha a você. – senti tanta vontade de dizer e a crise de choro foi mais forte que o desejo

Apoiei-me em seus ombros encharcados e chorei.

Som: Lady (acoustic) – Modjo.

No outro dia...

Laly preferiu não aparecer publicamente como a salvadora de Abel, mas as autoridades estão atrás dos sequestradores do jornalista que está em observação no mesmo hospital onde Gilberto perdeu a vida e Nilton ainda está internado.

Fernanda e Flavio madrugaram a espera de Lalinha e estão acompanhando pela tv o primeiro noticiário do dia onde repassam as primeiras informações sobre o estado de saúde de Abel.

-Segundo os médicos, Abel Santiago passa bem... – um repórter está falando ao vivo direto do hospital

-To preocupada com essa demora da Lalinha. – comenta Fernanda – Vocês por acaso não brigaram, né?

-Não sei... Ontem ela ficou meio mexida com esses lances aí e não quis sair comigo.

A campainha tilinta.

-Só pode ser ela. – Fernanda sorri

-E como sabe?

As suspeitas não poderiam estar mais corretas. Fernanda abre a porta e encontra uma Laly exausta, fraca, mas visivelmente sorridente.

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