quinta-feira, 26 de abril de 2012

Confissões de Laly Cap 150 - Hora da verdade! (IMPERDÍVEL!)



Hora da verdade! (IMPERDÍVEL!)

-Por onde andou, Lalinha? – pergunta Flavio, abraçando Laly

-Menina do céu, ligamos para todos os hospitais, amigos, conhecidos e até pro IML e nada de você... – relata Fernanda

-Me agourando, é? – Laly retruca – Sai pra lá.

-Você demorou tanto.

-Mas eu disse que voltava... – caminha em direção ao quarto – Vou dormir. Mais tarde conversamos.

-Ta cheirando a gasolina, Lalinha. Que houve?

-Nada demais, eu já disse.

-Você ta diferente, Laly. Aconteceu alguma coisa? – indaga Flavio

-Eu já disse que não.

-Não é o que parece.

-Estou cansada. Depois que dormir eu conto tudo que vocês quiserem saber, mas agora não dá...

-Pelo menos uma boa notícia. – celebra Fernanda – Abel foi encontrado com vida.

Laly é obrigada a disfarçar o contentamento.

-É... Eu soube enquanto voltava pra casa...

Laly entra no banheiro para tomar banho e só consegue se lembrar de Abel.

-Eu te devo minha vida, leoa.

Laly sorri espontaneamente enquanto cerra os olhos e encosta o corpo contra a porta ao riffs de Let it flow – Toni Braxton.

Som: Como devia estar – Capital Inicial. (Narração de Lílian Gallardo)

Abel estava vivo. Ao menos a leoa não ficaria viúva. Ufa!

Algo muito forte me dizia que Laly o amava. Eu sou só uma criança, não entendo nada de sentimentos, muito menos desse complexo mundo adulto, mas acho que olhar não engana. Nunca.

Entre amigos eu não me lembrava das tristezas. Nosso canto era o primeiro degrau da escada de concreto da cancha. Nosso reduto.

Todo sagrado intervalo nós fazemos uma vaquinha para comprar lanche e era engraçado não conversar a sós com Rick e sentir meu coração bater mais rápido quando ouço falar o nome dele. Ele é chato, tosco, ridículo, age como idiota a maior parte do tempo e eu penso nele quase sem querer.

-Talvez eu volte pra Guaratuba. – comenta Lílian comendo pipoca

-Mas você mal chegou e já vai. – retruca Cândida

-Lances desses adultos. Complicam a vida da gente e ainda castigam.

-Podemos ir à tua casa hoje?

-Vocês que sabem... – Lílian sacode os ombros

Som: Keep it turned on – Rick Astley.

Fernanda compartilha a notícia do testamento com May, que pula de alegria ao telefone.

-Sério, amiga?

-Celso disse que não poderá estar aqui nessa semana porque tem um julgamento importante, mas assegurou que virá para tratar das burocracias e tem de ser logo, pois assim terei pretextos para ver Lílian.

-Que seja logo e que tudo se desenrole da melhor maneira possível. Ao menos pra você...

-Naira ainda não se decidiu?

-Não e nem irá.

-E vocês terão de passar a vida toda nesse impasse?

-Ao que depender de Naira, sim.

Som: Tarzan boy – Baltimora.

Abel está sendo muito bem tratado pela equipe médica do hospital e até conversa com um repórter da rádio afiliada da Toda Poderosa, sentado no leito vazio.

-Mal vejo a hora de sair daqui para continuar metendo a boca no trombone.

Uma das auxiliares de enfermagem, a mais jovem, caminha rebolando e coloca a bandeja no criado-mudo do leito de Abel de modo que possa exibir as formas voluptuosas de seu corpo, ainda mais sabendo que Abel é solteiro e não resiste a um rabo de saia.

-Saindo daqui eu quero comer churrasco, mas, claro, antes preciso dar uma passada na Toda Poderosa para regularizar minha demissão.

-Você não será demitido. O Hidalgo (diretor) caiu fora.

-Como é que é?

-Você é o novo diretor de jornalismo.

A jovem não sabe como chamar a atenção de Abel. Sua supervisora, que pelo corredor está passando, a repreende.

-Delfina, já serviu o paciente?

-Sim, Jurema.

-Então mexa-se. Você não ganha para desfilar. Se quiser ser modelo, caia fora.

A moça, encabulada, deixa o recinto. Gesticulando, Abel continua demonstrando que escapou da morte com louvor.

-Mas quem te salvou, Abel? Na situação em que estava, davam como certo seu falecimento. – questiona o repórter

-Acredita em anjos?

-Anjos?

-Eu acho que tenho um anjo cuidando de mim...

Som de suspense...

Eleonora acompanha o boletim de notícias de uma rádio.

-O jornalista Abel Santiago, de 35 anos, foi resgatado no início da madrugada e passa bem, segundo o boletim médico divulgado por sua assessoria...

-Então quer dizer que Abel Santiago sobreviveu, é? – sorriso satânico – Não por muito tempo...

-O paradeiro dos sequestradores ainda é desconhecido...

Som: Angel – Jon Secada.

Naira continua acreditando que Nilton reagirá e impede o desligamento dos aparelhos do ex-namorado, ainda que isso apenas deprima Pepo e esgote o físico e emocional de todos os envolvidos no drama.

Rafa, Yasmin e Bruna percebem que o amigo está a cada mais triste e passam os intervalos com ele.

-Sabia que a Lílian pode voltar pra cá? – Yasmin avisa radiante

-Quando ela voltar a gente podia fazer uma recepção pra ela, né? – sugere Bruna

-Queria ver meu pai de novo. – suspira Pepo

-Minha mãe disse que ele não volta mais, Pepo. – lamenta Rafael

-Mas ele ainda ta vivo. – o filho de May protesta

-Mas é o mesmo que não estar. Ele nem te reconhece mais...

-Você vai ter que aceitar isso, Pepo. Eu sei que é triste, mas é melhor que esperar o que não vai acontecer. – acrescenta Yasmin

-Vai sim. – Pepo grita – Vai e vocês vão ver. – o menino sai de perto dos amigos

-Gostaria de saber como a Lílian está reagindo ao novo colégio. – Bruna resolve mudar de assunto

-O clima deve estar melhor que aqui. Se conformem: a sardentinha não volta mais. – interrompe Rafael

Som: I don’t know (acoustic) - Erika.

Laly dormiu um pouco e despertou ainda cansada, mas um pouco mais disposta que quando chegou a casa. Flavio, deitado ao seu lado, a acaricia.

-Que bom que acordou, Lalinha.

-Está aí me vendo dormir?

-Você é uma gracinha dormindo.

-Não dormi nem 3 horas e parece que repousei por dias a fio.

Flavio beija Laly, que o interrompe.

-O que foi, Laly?

-Nada não.

-Fernanda quer ir visitar Abel e me pediu para perguntar se você a acompanha.

-Se você não ver problema nisso.

-De forma alguma.

Em meia hora estávamos caminhando pelo mesmo hospital em que engessei o braço meses antes; onde Iury trabalhava, Gilberto dizia adeus e Nilton insistia em sobreviver. Flavio e eu caminhávamos de mãos dadas. Precisaríamos aguardar o horário de visitas, ou seja, só poderíamos ver Abel às 15h00min.

Som: Como tudo deve ser – Charlie Brown Jr.

Lilian traz os amigos para almoçar e prepara macarrão instantâneo para eles, a qual também será refeição de Juan e Álvaro, que não perdem a oportunidade para aporrinhar Lílian. Batendo com os garfos na mesa, gritam.

-Essa comida não vai ficar pronta nunca? – pergunta o irmão mais velho

-Vê se não enche, fedelho. – reclama Lílian cuidando do fogão

-Ta demorando muito. – pressiona Juan

-Tem que esquentar direitinho. Não é assim tão fácil.

-Lílian preguiçosa... Lílian preguiçosa. – provocam os pestinhas

-Por que não vão catar coquinho, hein? Eu to preparando, não to? – range os dentes – Se não estiverem satisfeitos, não comem nada...

-Eu quero meu macarrão sem molho.

-E eu quero com muito molho. – impõe Juan

Os amigos de Lílian estão sentados no sofá vendo clipes. Um deles é One last breath – Creed. Lílian prepara os pratos dos meninos e Juan reclama.

-Eu disse que não queria macarrão com molho. – Juan cruza os braços e faz beicinho – Eu não vou comer. – empurra o prato

-E você colocou pouco macarrão pra mim. – reclama Álvaro batendo com o garfo na mesa

-Não tem só você para comer. – Lílian dá um muxoxo

-Eu não quero macarrão com molho. Tira isso senão eu não como. – Juan irrita Lílian

-Então não vai comer. É o que tem pra hoje. – chama os amigos com assobios – Galera, o macarrão ta pronto!

-Vou contar pra mãe que você é uma grossa.

-Pode contar, bebezinho chorão. – Lílian faz careta e mostra a língua para Álvaro e Juan, chorando para escandalizar – Não me importo.

Os amigos de Lílian ignoram os primos atentados da garota e comem o macarrão instantâneo com muito gosto, afinal, Lílian herdou os dotes culinários de Fernanda.

Som: Kiss of life - Sade.

O leão era mesmo Abel.

--Cuida de mim então, leoa?

-As enfermeiras cuidarão melhor de ti.

-Quero que você seja minha enfermeira...

Só Abel sabia me chamar de leoa. Só ele tinha esse privilégio. Só o leão que vivia dentro de um pequeno e espevitado sagui.

No rádio a nossa canção. Primeiro encontro anos antes em um restaurante o qual fielmente descrevia se tivesse ânimo. Indiferente leoa encarando um atrevido sagui enquanto consultávamos ao cardápio.

-Ele pensa que vai me conquistar com esse jeito ridículo de ser... É bem capaz... Nesse coração ninguém entra mais...

Lábios colados minutos depois. O beijo da vida. A cada pensamento um motivo a mais para querer.

Como confessar que o amo sem parecer uma tola?

Como dizer a Flávio que amor de reality show se modifica da porta para fora?

Como controlar a ansiedade?

-Lalinha, eu estava pensando... – Flavio interrompia meus devaneios

-No que pensa, Flavio?

-Pensei que iria chamar de meu amor.

-No que pensava, meu amor?

-Parece angustiada. Quase não falou comigo...

-Eu estou bem, Flavio. Gostaria de me dizer algo?

-Não, nada demais... – Flavio voltou a dirigir em silêncio

Som: Angel – Jon Secada.

May está trabalhando no salão. Pepo, sentado no braço do sofá, está desanimado folheando revistas enquanto Emília atende uma cliente. O telefone toca.

-Salão da D. Emília, boa tarde.

Naira está do outro lado da linha. Péssimas notícias.

-Estamos indo para aí agora mesmo...

May, em lágrimas, desliga o telefone. Pepo, preocupado, se levanta.

-O que aconteceu, mãe?

Emília abraça Pepo por trás.

-O que houve, Mayra? Por que chora desse jeito? É Nilton?

-Sim. Infelizmente sim.

-E o que houve agora?

-Nilton teve uma parada cardíaca.

Dos olhos de Emília e Pepo também brotam lágrimas.

Som: Let it flow – Toni Braxton.

-Eu vou visitar Abel. – beijei Flavio – Não demoro.

-Não demora mesmo, pois eu tenho algo a te contar.

E eu também tenho, mas posso acabar te ferindo.

-Não demora, ta, amor? Um pouquinho que eu fico longe de você já tenho saudades...

Acenei para Flavio, por quem meu coração deveria acelerar, mas o causador de todo esse alvoroço interior era outro homem.

Feliz ou infelizmente, a realidade era amar Abel. Fugir do amor era inventar histórias a mim mesma, amores que nunca me supririam verdadeiramente. Como dizia a música, deixaria fluir.

Dentro do quarto...

Elisa Pinheiro apressou-se para visitar Abel. Aproveitando a queda que sempre teve pelo jornalista, inclina-se para seus lábios estarem muito próximos aos de Abel enquanto sussurra.

-Sara logo... Todos nós na redação estamos com saudades.

-E eu de todos vocês. – Abel tenta se esquivar da moça

-Mas minha saudade é diferente... – Elisa insiste

Controle-se, coração. É só uma conversa. Nada demais. Parada ao corredor, ignorando a notável movimentação, imersa em meu vasto universo, tal como uma ansiosa adolescente em busca das palavras certas, ensaiava frases.

-É hora de a gente falar sério Abel. Ah, quer saber? Quando eu disse que não te amava mais, menti. Sabe por que menti? – pensei – Não... E se ele já estiver com outra pessoa? – suspirei – Relaxa, Lalinha. É só uma conversa...

Não quando se trata de amor, agora ou nunca.

-Vai dar tudo certo...

Sorri esbanjando a confiança que me fez acreditar no amor. Ok, deixe fluir. Palavras podem estar em segundo plano.

-Vai dar tudo certo. É só ter calma.

O que era bastante difícil. Só quem ama e sabe quão cruel pode ser o tempo compreenderia viver em minha pele naquele momento em especial.

You see the thing of it

Is we deserve respect

But we can`t demand respect without change

There comes a time when we must go our own way

Sorriso desfeito. Nada de beijos, declarações e final feliz. Ainda parada em frente à porta, encontrei Abel aos beijos com Elisa Pinheiro, a mocinha do tempo.

0 comentários:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

© 2011 Mania TV Web, AllRightsReserved.

Designed by ScreenWritersArena