A Madalena apareceu na escola com o olho muito roxo, seus óculos disfarçavam um pouco, mas eu percebi.
A galera zoou muito ela, e eu , mesmo ela não merecendo, fiquei com pena dela. Mas o mínimo que eu fiz foi não rir.
Ludi estava às gargalhadas, e o Rafa também.
- E aí, apanhou muito?
- Tarada!
- Madalena perdeu o BV à força!
( Ela nem era BV)
- Coitado do Nerd!
(sobrou pra mim)
- Ei, soltou a franga hein!
- Yhaaa, saiu do armário, ainda bem que não tocou aquela musiquinha lá!
(I Will Survive?)
Aquilo foi conversa pra mais de mês. E os meses se passavam e eu tava pouco me importando pras provocações, porque eu ficava imaginando como a Valentina estava. Até que chegaram as férias de julho, pra minha felicidade.
Diário da Valentina
Não estava mais aguentando. Só não considerava 2010 o pior ano da minha vida porque foi nele que me aproximei dos meus amigos e comecei a namorar o Berg. Mas me afastei de todos eles, perdi meu pai...
Acho que já tinha uns três ou quatro meses que eu estava ali naquele inferno no meio do nada. De Março até Julho foi chão. Pensei que não ia aguentar ficar sem fazer nada, apenas assistir televisão amarrada (isso mesmo, amarrada) no pé da cama da minha avó.
Minha avó era uma boa pessoa, seus métodos "antidrogas" que eram muito radicais.
No início tentei resistir, mas depois comecei a perceber que aquilo era pro meu bem. A fissura era enorme, uma ansiedade.Achava que aquilo só passaria se eu fumasse.
Roía minhas unhas até chegar na carne sangrarem nos primeiros dias. depois tetei me livrar das correntes que me prendiam, à toa.
- Vó, me tira daqui!
- Você vai fugir, minha filha.
- Prometo que não. Essas correntes estão apertando meu pé.
Meu tio me soltou, e eu corri, corri, corri, mas não sabia pra onde ir. Até que me pegaram. Depois daquele dia era vista grossa.
Comecei a aproveitar tudo que passava na TV, lia alguns livros, inclusive os do Harry Potter que eu adorava, assistia os repetidíssimos episódios do Chris, as novelas (nunca gostei de novela)... a Clara me dava um ódio! Enganava o Totó, aquela piranha!
Putz, tava noveleira.
Pensei que com as férias me dariam uma trégua, mas pensei errado...
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