Então é Natal! – parte 2
Mayra abraça Pepo com todo amor do mundo e rodopia com ele. Naira não contém a emoção. May sente-se mal por ter sido injusta com a irmã:
-Irmã, vem cá. – May faz sinais com as mãos para chamar Naira
-Pensei que não quisesse me ver.
-Claro que quero!
-Queria fazer uma surpresa.
-Terá problemas com Nilton.
-Não me importo. Só quero ver minha irmã e meu sobrinho felizes ao menos hoje.
-Queria me desculpar por ter dito aquelas coisas horríveis aquela vez...
-Eu sei que você não disse com a intenção de me magoar. Estava nervosa, angustiada, preocupada. O importante é que você e Pepo estão juntos agora.
Mayra e Naira se abraçam com força como não acontecia há pelo menos 10 anos, desde que Naira internou-se no convento.
Pepo acaba participando do abraço e aproveita o momento para sentir o perfume da mãe misturado ao calor do corpo e se lembra com carinho dos tempos em que tinha May por perto a hora que queria e até se irritava de tanto que Mayra se preocupava. Flashback do Show de Talentos.
-Ai mãe, para com isso. Está me envergonhando.
-Por acaso é algum pecado amar o próprio filho? – Mayra pergunta
Pepo gostaria de fazer o abraço de Mayra durar por toda a eternidade e justamente por saber que nunca mais as coisas serão como antes, percebe o quanto ama a mãe, algo tão subentendido e essencial desde então.
-Senti tanta saudade, mamãe.
-Eu também, meu amor. – May afaga a cabeça de Pepo – Eu também senti.
-Por que não conversam um pouco?Eu já volto... – Naira avisa e vai dar uma volta pela rodoviária
Pepo está com sua mochilinha nas costas e com o yorkshire no colo. May faz carinhos na cabeça do cão e comenta:
-Gostou dele?
-Sim.
-Já tem nome?
-Bolinha. Gostou?
-Bolinha... Legal... Seu pai não era nem um pouco favorável ao cão, mas eu já o havia reservado desde antes de ele (Bolinha) nascer. Quando o vi pela primeira vez sabia que você também o amaria.
-Nunca amei tanto um bichinho como já amo o Bolinha.
-Aposto que foi o melhor presente de Natal que você ganhou.
-Não, mãe. O melhor presente eu ganhei agora... – emocionado – Eu pedi a Deus pra te ver... E Ele realizou...
O ônibus de Mayra está para seguir rumo a capital paranaense e a jovem precisa embarcar ou perderá a viagem.
-Já vai, mãe?
-Vou para Curitiba.
-Queria ir com você.
-Não pode, meu amor. Terei problemas com seu pai.
-Eu quero ficar com você. Não com ele.
-Eu queria ficar com você também, mas se seu pai souber que nos encontramos... Ah... ele vai ficar furioso...
-Não importa. Eu vou com você.
Pepo coloca o cachorrinho dentro da mochila e a deixa um pouco aberta para o animal poder respirar durante a viagem. Como Emília desistiu de viajar na última hora, Pepo aproveita a passagem da avó e eles se sentam juntos.
Naira, que estava perambulando pela rodoviária, retorna ao local onde May estava e se informa de que o ônibus em que a irmã estava acabou de partir.
-Se Nilton souber disso, adeus Natal! – Naira se aflige
Som: Por onde andei – Nando Reis.
Borboletas no estômago.
Não estava exatamente apaixonada. Nervosa inadmissivelmente. Após 10 anos estaria frente a frente com meu pai.
A distância da casa de Gilberto até a de meu pai não passava de alguns metros e, no entanto, parecia prolongar-se. As luzes da vizinhanças me entonteciam e faltava-me força para continuar caminhando.
Faltava-me argumento. O tilintar do terror fez-se ouvir de forma a ensurdecer os sentidos. Era a hora da verdade.
-Gustavo?
Debochadamente satânico. A barba enojava-me. Sorria com o canto do lábio.
-Assustada?
Mal tive tempo de me pronunciar. Eleonora o abraçou por trás e sorria alegremente ao me ver.
-Que bom que aceitou nosso convite, Lalinha.
-Feliz Natal. – estendi a mão para cumprimenta-la
-Igualmente.
-Não estou interrompendo o momento em família? – Gustavo continuava cínico e intrometido
-De forma alguma, Gus. – para mim – Não se importa, não é?
Me importo. Muito.
Era realmente uma brincadeira de muito mal gosto me chamar para cear com meu pai e ter de aturar o homem que destruiu minha vida.
-Se quiser, posso ir embora. – Gus continuava chantagista – Não sei se Lalinha quer me ver depois de tudo que falaram de mim por aí.
Realmente queria vê-lo enterrado, ardendo no mármore do inferno e pagando por todo mal feito não só a mim.
-Lalinha!Não acredito!
Ao ver meu pai, tornei-me aquela menininha de 5 anos que ceou no meio da mesa ao lado do casal mais lindo de que tinha conhecimento.
Ele tomou a iniciativa de abraçar-me. O correspondi e ele chorou também, afagando meus cabelos como se jamais tivesse me visto. O passado renegado estava em seus braços.
-Lalinha!
-Oh meu pai!
Caprichei tanto na maquiagem para logo nos 5 primeiros minutos estar parecendo um guaxinim.
Eu sempre quis que meu pai me amasse. Sempre desejei ser por ele amparada e não precisar mais temer nada nem ninguém. A cena só não foi mais bonita e emocionante porque o simples fato de rever Gustavo apagava todo e qualquer sentimentalismo latente.
Som: Fogo – Capital Inicial.
Iury foi passar o Natal com os parentes em Joinville.
A casa do avô materno de Iury está cheia de parentes, convidados, crianças correndo, tv ligada, mesa enfeitada, pratos diversos, conversas paralelas, mas o médico é indiferentes os ruídos e festejos ao seu redor.
Em silêncio, de frente para a sacada, Iury contempla a visão de Joinville e admite a tristeza que sente ao ter saudades de quem já foi, do que não mais terá e de todos os sonhos que hoje são apenas lembranças.
Antes que esquecesse, telefona para Laly. Como a protagonista não está presente, quem o atende é Lílian.
-Alô?
Iury imagina a filha usando vestido vermelho (e ela realmente está com um) e não contém o choro.
-Alô?Quem é? – Lílian insiste
-Feliz Natal, minha filha.
Gilberto para em frente ao telefone.
Está quase tudo pronto para a ceia dos Gallardo. Fernanda está colocando os guardanapos ao lado dos pratos.
-É trote, vô. – Lílian desliga o telefone
-Poderia ser Gabriel.
-Era Iury. Acho que está bêbado. Disse: feliz natal, minha filha.
Gilberto se preocupa.
-Que bom que desligou. Ele poderia lhe falar besteiras.
Uma buzina é ouvida em frente a casa. Gilberto caminha até a porta para ver.
-O que esse cara ta fazendo aqui?
Abel, sorrindo, chega vestido de Papai Noel carregando um saco vermelho enorme nas costas e portando uma sidra com uma das mãos:
-E aí, seu Gilberto?Feliz Natal!
Fernanda já está atrás do pai. Começa a rir da situação.
-Vão deixar o Papai Noel entrar?
-Você ta mais pra uma rena reumática. – Lílian tira sarro de Abel
-Se veio procurar a Laly, perdeu a viagem. – Gilberto avisa
Abel, colocando o saco vermelho ao lado da árvore de Natal, respira fundo, se senta no sofá e avisa:
-Papai Noel veio cear com uma família muito especial.
-Quando a Laly souber dessa, cai de costas. – Fernanda comenta com Lílian
Som: One last breath – Creed.
Nilton e Naira estão assistindo a especiais natalinos na tv enquanto esperam o peru assar. Emília foi assistir a uma missa especial na paróquia em que é frequentadora assídua. Ela passará a noite de Natal com Naira para poder, implicitamente, aproximar-se de Pepo, que para todo efeito, está brincando com Lílian na casa de Gilberto. Mesmo assim, Nilton está apreensivo:
-Naira, eu não tinha te pedido para buscar Pepo?
-As crianças insistiram para ele ficar mais um pouco, Nilton. Fez bem para Pepo, ainda mais com tudo que vem acontecendo.
-Já dei o cachorro a ele. O que mais você quer que eu faça?
-Poderia permitir que Pepo e Mayra pudessem se ver.
-Nem morto. – se levanta do sofá e apanha o molho de chaves no aparador – Vou buscar Pepo agora mesmo.
-Não será possível.
-Por que não?
Aflita, Naira se vê obrigada a admitir que Pepo e Mayra fugiram.
CONTINUA...
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