Antes tarde do que nunca! (ÚLTIMO CAPÍTULO)
-Iury Saciotti, de 30 anos, médico, confessou sua participação na morte de Gustavo Figueira Antares, no início do ano... – anuncia um âncora da Toda Poderosa com o imponente logo do plantão em chroma key
A cadeia serviu como uma tese de doutorado a Gustavo que com os próprios presidiários consolidou uma forte facção que promoveu diversas e sangrentas rebeliões e continuava do lado de fora, pois os detentos que saíam continuavam prestando contas a Gus, por isso quando o chefão morreu, Eleonora, que sempre foi seu braço-direito, assumiu o posto de Figueira Antares para continuar pregando o mal e concretizando a vingança do vilão contra quem tirou sua liberdade.
Gus e Eleonora mataram o casal de âncoras da Toda Poderosa, foram os mandantes do assalto na casa de Gilberto Gallardo e cometeram diversas atrocidades, morrendo ambos de forma tenebrosa, tal como seus crimes. Com a revelação do capanga, todos os integrantes da facção retornaram a prisão.
Os cidadãos de Guaratuba que já estavam horrorizados com a ação de Eleonora, se chocam mais ainda com a notícia relacionada à Iury.
Ainda do alto do prédio, Laly está chorando no colo de Abel. Fernanda passou mal e está sendo medicada. Abraçada a Abel, Laly chora muito e o jornalista a afaga e beija seus lábios.
-Não chora mais, minha leoa. Eu to aqui...
-Eu te amo tanto...
-Eu também te amo, leoa.
Abel beija Laly dando a entender que não consegue mais viver sem ela.
-Eu também te amo, minha vida. Eu não sei o que seria de mim se algo te acontecesse. – beija a testa e em seguida os lábios de Laly – Agora sou eu quem vai cuidar da leoa.
Algum tempo depois...
Lílian é recepcionada como princesa pelos amigos em Guaratuba ao som de Best Friends - SClub7 e reencontra Pepo, o abraça, confessando que sentiu saudades do primo.
-Eu também senti sua falta, sardentinha. Tenho muita coisa pra contar.
-E eu também.
Já Laly vai recepcionar o pai na saída do presídio. Os próprios detentos aclamam Edílson que por ser pai de ‘Judy’, passou a ser o rei da prisão, saindo com muita moral. Ao ver Laly, corre abraça-la.
-Ora se não é minha leoa. – brinca Edílson - Ainda bem que a justiça se fez.
-A um alto preço, infelizmente...
Eleonora foi enterrada como indigente, isto é, os pedaços que restaram. A morte da megera horrorizou até os policiais diariamente acostumados a presenciar atrocidades como o que ocorreu naquela noite.
Meu pai estava livre novamente. Não sabia de que forma iria recomeçar, mas era grato por ter ganhado da vida aquilo que muitos chamam de segunda chance.
-Ao menos vou poder ver minha menina se casar...
E com Abel. O final feliz demorou, mas chegou, enfim...
Infelizmente este só durou até eu chegar para visitar Abel na redação e encontrar a vadia da Elisa falando com ele muito de perto. Ao me ver, a desgraçada roubou um beijo de Abel.
-Lalinha! Não foi o que você viu.
-Então estou cega.
-Lalinha, Elisa é apenas uma amiga.
-Ou algo a mais... – Elisa, me provocando, saiu de perto
-Minha leoa, ignore o que Elisa disse.
Como se eu conseguisse... Vejo a vagaba se assanhando para o homem que amo e devo agir como se nada tivesse acontecido? Posso ser paciente, mas não chego a tanto.
Som: Missing – Mariana Kupfer.
Mayra e Naira agora trabalham juntas, pois Naira não se vê mais lecionando. May percebe que a irmã sorri quando mencionam Flavio em qualquer conversa ou até mesmo quando o próprio em figura está presente.
-Maninha, não por nada, mas você está diferente.
-Diferente em que sentido?
-Eu não sei, posso estar falando besteiras, mas acho que você ta gostando do Flavinho...
-Eu não.
-Naira, eu não sou boba.
-Imagine só... O Flavio namora a Lalinha e pelo jeito deve gostar muito dela.
-Mas você pensa muito nele, não pensa?
-Nem deveria. Não faz tanto tempo que Nilton morreu.
-Entendo, mas você gosta dele, não gosta?
-Acho que sim, mas ele não veria graça em mim. O único homem que me amou já descansa em paz...
-Não acho não, maninha. Eu também pensava que ninguém nunca iria me amar. Você se lembra de que eu nunca tinha par nas festas, os meninos só tiravam sarro de mim e eu me sentia muito feia?
-Você sofria muito com isso...
-Nilton me ajudou a ser mais confiante, pois foi com ele que eu me tornei uma mulher mais forte para encarar a vida e só então estaria pronta para viver esse amor com Pablo que é muito melhor do que tudo que sonhei e esperei ao longo da vida, então acho que você deveria investir no Flavio. Todo mundo sabe que Abel e Laly se amam e vão acabar ficando juntos...
-Você acha?
-Se Laly se casar com outro, eu não me chamo Mayra.
Som: Let it flow – Toni Braxton.
Desamparada, procurei Flavio na academia em que frequentava e sugeri que nos casássemos enquanto ele saia de um aparelho. Flavio parecia bastante surpreso com minha reação. Não só ele como todos.
-Por que a pressa, Lalinha?
-Não tenho mais o que esperar.
Já Abel, que dispensou Elisa novamente, tenta procurar Laly para esclarecer o mal entendido, recebe a notícia com pesar.
-Então a leoa vai mesmo se casar? E com aquele bobalhão?
-Infelizmente, Abel. – lamenta Fuinha – Infelizmente...
-Então já não me resta mais tempo para agir, não é mesmo?
Abel se senta no meio-fio com Fuinha, que em lealdade ao amigo, apoia o braço sobre um dos ombros do jornalista.
-Se acreditasse, diria que tentaria mais uma vez convencer a leoa.
-E eu acredito, mas a leoa não aceita me ouvir.
-Só não entendo por que escolher o caminho mais doloroso: se casar com alguém que não ama e viver infeliz o resto da vida.
Som: Como tudo deve ser – Charlie Brown Jr.
-Até que era legal morar com os tios... – Lílian está em volta dos amigos – Mas não se compara a estar com a Fer de volta. E vocês? O que aprontaram na minha ausência?
-Pepo perdeu o pai. – relata Yasmin
-Ai, que horror. Sério, Pepo?
O menino concorda com a cabeça.
-Poxa, Pepo. Deve estar muito triste... – os primos se abraçam – Mas o Pablo é legal com você, pelo menos, né?
-Até que é... Não é como o vô Gilberto, mas é legal. – Pepo enfim fala
-E pra quando nascem os bebês?
-Acho que pra começo de novembro...
Rafa sorri para Lílian, que percebe o quanto seu ex-meio-irmão é parecido com Rick.
-Tem alguém aqui que sentiu muito a sua falta... – Bruna coloca lenha
-Posso saber quem?
-A ameba. – Yasmin brinca – A ameba chorou todos os dias.
-Acha que eu ia chorar por essa sardentinha aí? – Rafa debocha da irmã
-Ai, bobo. Já começou, né? – Lílian dá uma cotovela em Rafa – A ameba tem que sempre estragar tudo.
As crianças estão arrumadas para o casamento de Mayra e Pablo que apesar de ser uma cerimônia bastante simples em um domingo de manhã, reúne a muitos na cidade.
Mayra, ao invés do tradicional véu arrastando, preferiu usar uma coroa estilo havaiana e Pablo usa um colar no mesmo estilo, assim como os pajens e as daminhas, que deixam de lado os tradicionais trajes e usam roupas de verão. May troca alianças com Pablo na praia e o casal jura amor eterno já ao som de You are – Lionel Richie.
May pediu ajuda a Laly para escrever o juramento, pois casal quis inovar e o padre que coordena a cerimônia foi de acordo.
-Hoje eu me torno sua esposa. Se há um ano me dissessem que eu viveria esse momento mágico eu não acreditaria, pois até te conhecer eu não sabia qual era o significado do amor...
Não é necessário nem mencionar quem foi à inspiração de Laly para o texto. Pablo também escreveu seu juramento.
-Hoje eu me torno seu marido. Se há um ano me dissessem que eu iria conhecer minha princesa ao acaso eu não acreditaria, pois até te conhecer eu nunca tinha amado alguém como a amo...
-Um só coração já somos desde que o amor passou a ser parte de nós, mas hoje, exatamente hoje, diante de Deus e todas as testemunhas, me torno somente sua e o que Deus une ninguém separa...
E o padre sela a união.
-E que assim seja.
-Amém. – os convidados respondem
-Eu vos declaro marido e mulher. – para Pablo – Pode beijar a noiva.
Pablo e May dão um selinho, até porque estão diante das crianças.
Fernanda, Laly e Naira, também seguindo o mesmo estilo da noiva, madrinhas da mãe de Pepo, estão emocionadas.
-Foi o casamento mais lindo que eu já vi...
-Sempre diz isso, Fernanda. – brinca Laly
-Sempre acabo chorando em casamentos...
-Porque é uma manteiga-derretida.
-Como se você não fosse, né, Lalinha
-Fico tão feliz por ver minha irmãzinha se casando. – Naira puxa assunto – Eu também sempre me emociono em casamentos e acho que não vem em melhor hora. Depois de tanta desgraça estava na hora mesmo de o clima de romance tomar conta de todos...
Edilson chega um pouco atrasado ao casório porque conseguiu um novo emprego e o único lugar disponível é ao lado de Emília, que sorri arrastando a cadeira branca de plástico. Até a decoração do casamento é praiana.
-Por que não se senta?
-Não está esperando ninguém?
-Não...
Edilson se senta. Nunca percebeu o quanto Emília poderia ser bonita.
-Esse clima de casamento deixa todo mundo emocionado.
-Ainda mais depois de tanta tragédia... – comenta Edilson, tímido – Me permite fazer uma pergunta...
-Quantas você quiser.
-É casada?
-Viúva.
-Não se casou depois da morte de Mauro?
-Não. E você, como se sente em liberdade?
-Me sinto como um recém-nascido.
Som: Pacific Coast Party – Smash Mouth.
Naira está tomando suco de laranja ao lado da barraquinha de bebidas quando reconhece Flavio parado a sua frente.
-Estou atrasando o caminho?
-Não, não. Gosto de te olhar.
-Deveria estar com Lalinha.
-Laly gosta de estar entre as amigas...
Enquanto Flavio e Naira se afastam dos outros convidados, Laly e Fernanda, em tom de brincadeira, entram na disputa pelo buquê e quem o apanha é Lalinha, que toma um susto quando se dá conta do que aconteceu.
-Vai casar por amor ou pra se esconder de si mesma? – Fernanda é direta
-Me esconder do que?
-Do amor que sente.
-Já esqueci Abel.
-Ah, Laly, por favor. Até quando vai deixar o orgulho te dominar?
-Não é orgulho...
-Deve ser algo superior a isso...
Quando May vai conversar com a mãe, Abel, que estava apenas observando a festa, vai ao encontro de Pablo.
-E aí? – o cumprimenta pelo casamento - Como se sente, Pablito?
-Sinto como se estivesse caminhando nas nuvens...
-Meus parabéns, amigo.
Abel ainda se deslumbra ao ver Laly dançando com as crianças e tudo nela o atrai, desde o modo como sorri, até as feições de descontentamento e Pablo está falando, mas o jornalista está pensando na amada e no quanto está sofrendo por já não tê-la mais por perto.
-E aí, Abel? O que acha de ser padrinho da criança?
-Adoro a ideia...
Enquanto May e Pablo saem para a lua-de-mel em Campos de Jordão, como a jovem sempre sonhou, Pepo fica sob os cuidados da avó e passa os dias com os amigos que fazem com que o garotinho esqueça de todo drama enfrentado nos últimos meses.
Som: Coming around again – Carly Simon.
Qualquer idiota sabia que meu casamento era de fachada. Eu era recordista em me meter em relacionamentos dos quais sempre saía mais destruída do que quando começava.
Flavio não me chamava de leoa, não me fazia pagar tantos micos, detestava política e poesia, mas por outro lado não me enganou por seis anos. Se eu ainda não o amava, com o tempo me acostumaria com sua presença e nosso casamento seria uma amizade selada no cartório.
Eu estava na internet procurando portais para contratar um bom cerimonial quando me deparei com uma frase de amor tão linda que me fez querer ver o texto na íntegra. Não imaginava que Abel ainda conseguia me fazer chorar.
-E nossas noites de amor? Nossas viagens, nossas fantasias? Jamais acordaria enrolado em seus braços outra vez?
Nossas conversas e devaneios estariam todos largados ao vento, tratados como se fosse nada, como se nunca tivessem existido, como se nosso amor fosse apenas um vago lapso e nada mais?
E como seríamos separados? Você superaria tudo isso mais depressa? Você estaria pensando em mim?
Algum dia, quem sabe, eu poderia lhe dizer que não sei amar como os outros, não gosto de fazer uso de frases feitas porque gosto de tudo aquilo que é sincero e se encaixa perfeitamente ao nosso contexto, mas do modo como posso entrego meu coração e sinceridade em seu nome, em nome desse amor que me fez quem sou e não esse crápula mal falado não. Eu sou um cara legal, não perfeito, nem ideal e sim aquele que irá contra todo o mundo se for preciso porque estando ao seu lado que se dane todo o resto.
Laly chora muito lendo o texto que Abel publicou em um portal de poesias e Flavio, que estava indo chamá-la para sair, a vê e sabe o motivo pelo qual a protagonista chora, se retirando sem que Lalinha perceba sua presença.
Som: Every man must have a dream – Liverpool Express.
Iury está detido em uma cela especial porque corre risco de vida e também é favorecido por possuir diploma de nível superior. Enclausurado, reflete muito sobre o que restou de sua vida, tentando entender em que momento perdeu a cabeça e se aprisionou de verdade.
-O jogo acabou, Iury. Você colocou tudo a perder... Tudo...
Iury se lembra da adolescência, do namoro feliz com Laly e dos sonhos de amor e felicidade que foram interrompidos com o falso noivado e que desencadearam uma sequencia de desgraças que acabaram por separá-lo definitivamente de Lalinha.
Iury se deslumbrou ao perder a virgindade e deixou o ciúme de Gustavo falar mais alto que a verdade, unindo-se a Milene para ferir Laly, então se sente culpado tanto pela morte de Mili quanto de Gus e mais ainda por ter humilhado Laly e a perdido para Abel.
-Eu sempre culpei as pessoas pelos meus fracassos, mas na realidade fui eu mesmo quem me destruí. Eu fui responsável por minhas escolhas e palavras. Eu mesmo arrasei com tudo aquilo que a duras penas conquistei, o que talvez nunca mereci, pois feri os corações de todos aqueles a quem amei... Eu mereço o fim que terei...
Som: Kiss of life – Sade.
Laly e Flavio se casarão às 19h00min do sábado e já está tudo pronto para a cerimônia. As meninas serão daminhas de honra e os garotos pajens, Fer, May e Naira serão madrinhas e Edílson entrará com a filha na igreja.
À tarde, Mário e outros profissionais tratam de deixar a noiva maravilhosa para logo mais à noite.
-Casamento assim eu só vejo na TV... – suspira Mário, maquiando Laly, que não consegue parar de chorar - Assim ta estragando meu trabalho, linda. Chora não...
Nem em meu primeiro dia de aula no pré-escolar devo ter chorado tanto quanto naquela ensolarada tarde de sábado. Há venturas de que eu estaria cometendo um grande erro me casando com Flavio.
-Como se ninguém soubesse por que ela ta chorando. – Fernanda, na cadeira ao lado, está fazendo as unhas
Laly chora tanto que preocupa a todos.
-Nervosismo? – pergunta May, segurando nas mãos da amiga e a oferecendo um lenço
Pensando no que já não fazia o menor sentido...
-Ansiosa? – pergunta Naira, trazendo água com açúcar
-Por que não cancela logo de uma vez o casamento? – Emília a pressiona
-Não é por causa disso que to chorando... – responde Laly, soluçando
-É sim... Não seja cínica, Laly. Não aguento mais ver você e Abel chorando pelos cantos parecendo dois adolescentes desamparados. – Fernanda desabafa – Ficam aí de orgulhinho besta, sofrendo a toa, mandando mensagens, poxa... Se entendam logo.
Não muito longe dali, Flavio, chorando, aborda Abel na calçada. O jornalista já está usando terno branco com gravata borboleta.
-Ei ei ei, não quero briga não, Flavio. Sou da paz.
-Eu também sou.
-Juro que só vou assistir a cerimônia e não vou fazer nada de errado.
-Vim conversar numa boa.
Flavio se aproxima de Abel e o felicita com um tapinha nas costas.
-Você não sabe o quanto é abençoado...
-O que quer dizer com isso?
CONTINUA NA PARTE 2...
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