sexta-feira, 4 de maio de 2012

Confissões de Laly Cap 156 - Antes tarde do que nunca! (ÚLTIMO CAPÍTULO!)





O CASAMENTO DA LEOA E DO SAGUI...

Dentro da igreja, todos cochicham. Só falta mesmo a noiva chegar. Laly é a última a entrar ao lado do pai. Ainda nas escadarias, Edílson abraça a filha pela cintura, beija a testa dela e admite.

-Me sinto tão orgulhoso por estar compartilhando esse momento tão importante da sua vida. – Edílson chora – E eu nunca participei de nenhum deles.

-Porque já fez o mais importante: me deu a chance de viver. – Laly tenta não chorar – Esse foi o maior presente que eu ganhei.

-Lamento não ter sido um pai melhor.

-O senhor fez o que pode.

-Sei que não.

-Paiê, quer fazer a noiva chorar, é?

-Se esse go go boy não te fizer feliz, vai se ver comigo. – segura nas mãos de Laly – É isso mesmo que você quer?

-É sim, pai. Eu vou ser muito feliz.

-E eu serei sabendo que você está bem.

Laly e Edílson entram na igreja. Ao invés de Flavio e Emília (o go go boy não tem mãe, então Emília resolveu entrar com ele), a protagonista encontra Abel ao microfone sentado nas escadarias que dão acesso ao púlpito.

-Que diabos ele ta fazendo aqui?

-São tantas as emoções... – Abel se levanta

-E Flavio? Cadê Flavio?

-Quando eu estou aqui/ Eu vivo esse momento lindo... – Abel desata em lágrimas – Não posso continuar.

-Ei, seu sem noção, aqui não é boteco não. Você ta atrapalhando meu casamento...

-O noivo sou eu.

-O noivo é Flávio. Aliás, cadê ele?

-Flavio realmente foi embora. – avisa Mayra

-Isso é uma brincadeira, né, gente? Mas o negócio é sério... Cadê o Flavio?

-Poderíamos ser nós dois.

-Isso eu quis a vida inteira, mas você nunca se importou.

-Agora eu me importo.

-Só porque eu vou me casar com alguém de verdade, não é mesmo?

-Barraco na casa de Deus não, hein, gente? – avisa Fernanda, uma das madrinhas

Flavio, por respeitar Laly, preferiu deixar o caminho livre para a jornalista ser feliz ao lado de Abel. O padre, na sacristia, assiste a tudo sem se intrometer.

-Quem é o noivo? – Edílson pergunta a Abel

-Sou eu, Edilson. – dá um aperto de mão no futuro sogro – Sei que o senhor gosta de futebol, então vamos jogar nossas peladinhas de fim de semana sempre que o senhor quiser e comigo a leoa estará muito bem cuidada.

-Quem disse? – Laly entrega o buquê a Lílian para colocar as mãos na cintura – Quem disse?

-Leoa, pelo menos me escuta.

-Tarde demais.

-Por favor...  – Abel se ajoelha – Não me faça chorar mais.

-Ao menos você vai saber o quanto eu também chorei nesses anos todos.

-Eu sei que vacilei, mas estou na casa de Deus, já confessei meus pecados, pedi perdão e todo mundo aqui ta de prova que eu estou falando seriamente. – se levanta – Por Deus, Laly. Quando eu era adolescente amei muito uma garota que me iludiu, me feriu, destruiu toda minha bondade me humilhando por causa da minha baixa estatura. – as crianças tentam conter o riso – E eu sofri, chorei me humilhei, tentei compreender as razões pelas quais ela me tratou daquele jeito. Demorei muito tempo até conseguir sorrir e me levantar e eu prometi, quando consegui me curar, que JAMAIS choraria por mulher nenhuma nesse mundo, que nunca mais seria sincero com ninguém. Minha vida nunca teve um pingo de sentido. Eu sempre me senti um nada no mundo, um cara baixinho, feio, estranho, um inexpressivo jornalista em uma revista qualquer. Até que conheci você, minha leoa. Até que me apaixonei. Traí meus juramentos, minhas próprias regras e se para você foi difícil se entregar, para mim foi o dobro porque eu tinha raiva, medo e estava tão confuso quanto você, mas como dizia à música que tocou no nosso primeiro beijo: deixei fluir (Let it flow – Toni Braxton) e ao seu lado consegui crescer, passei a ter a ânsia de progredir para poder acompanha-la, ser seu porto-seguro. Eu nunca me importei em ser o namorado de Judy porque sempre soube do seu idôneo caráter, o que te tornava mais apaixonante. Eu adorei cada dia, cada minuto ao seu lado. Nada foi em vão para mim. Eu sei que deveria ter estado ao seu lado quando você perdeu o bebê aquela vez, mas respeitei seu silêncio acima de tudo porque sendo um coração só, sua dor tornou-se parte de mim também. – enxuga as lágrimas – Nesse meio tempo eu conheci Gertrudes, aquela mulher com quem casei...

-Safado... – Laly, chorando, tenta bater em Abel, mas as meninas a contem pela cintura

-Você desapareceu, Laly. Na ocasião eu julgava ser um homem maduro e pensei que prosseguiria sem você, tentando fazer de Gertrudes esposa, saindo com várias para tentar sanar esse vazio. Uma grande loucura, perda de tempo... Eu parecia satisfeito e era como um vício: instantaneamente eu era o rei e em frente ao espelho eu continuava me sentindo um nada, tentando entender por que você me abandonou; o que disse ou fiz que a magoou. Me senti um broxa... Perdoem o termo, mas foi exatamente assim que senti. Nem para ser pai eu prestava... Eu me sentia um fracassado, novamente aquele adolescente bobo que não sabia por onde recomeçar. Aí um tempo depois você voltou e eu senti tanto medo de te perder que preferi continuar fingindo que não me casei, mas você descobriu e meu mundo desmoronou a ponto de eu te procurar aqui em Guaratuba. Eu lembro com carinho até do carro depredado. No seu lugar eu também teria feito o mesmo...

Laly não consegue parar de chorar. Ainda ama Abel tanto quanto antes ou depois de tudo que aconteceu. Tudo que sabe é o quanto deseja ser feliz com ele, não sabe se será para todo o sempre, mas gostaria que pudesse ser.

-Minha vida com você sempre foi muito mais feliz. Eu aceitaria que você casasse com Flávio porque o verdadeiro amor sempre prioriza a bonança do amado, porém eu sou egoísta demais para deixar minha leoa partir. Não consigo, Lalinha. Definitivamente, não sei fingir. Não me interessa mais brincar porque já não tenho mais idade nem paciência. Eu te amo demais e sei que você tem seus motivos para me odiar...

-Eu não te odeio, Abel. Eu não disse isso.

-Tem motivos, Lalinha.

-Não diga besteiras, Abel.

-Não chore, minha leoa. – empresta seu lenço para Laly enxugar as lágrimas – Não quero que chore mais nem uma lágrima. A vida já te castigou demais. Vá ser feliz, mande todo mundo que te odeia para o inferno e continue fazendo o que de melhor sabe: ser você. Sim, ser você. Isso ninguém vai conseguir.

Abel vira de costas para os convidados.

-Eu prometi que jamais deixaria que uma mulher me visse chorar, mas você não é qualquer mulher... Você é minha leoa... Mas tudo bem, minha querida. – Abel beija a testa de Laly – Eu só quero seu bem e se esse cara, acho que ainda podemos encontra-lo, vai mesmo te fazer muito mais feliz, vá em frente, case-se com ele, mas lembre-se de fazer tudo aquilo que realmente é de sua vontade porque a vida é breve demais para passa-la acreditando em enganos...

Abel sai da igreja e não é só ele quem está chorando. Até Lílian chora. Cabisbaixo, o jornalista caminha até a porta de entrada já ciente de que perdeu Laly, mas sabe que conseguiu dizer tudo que realmente sente.

-É isso aí, Abel! Você perdeu, perdeu a leoa. Perdeu pra sempre...

-Nunca chorei tanto em um casamento como nesse. – Fernanda comenta

-No casamento que nem aconteceu. – Fuinha acrescenta

Começa a tocar Trust me – Dee Joy. Essa canção originalmente não faz parte do repertório da trama, mas marca um dos momentos mais esperados por vocês leitores e nada mais justo que ser uma melodia bonita e inesquecível, tudo a ver com o nada convencional final feliz desse casal.

Laly tira os sapatos e sai correndo da igreja. Abel está tentando recuperar o fôlego encostado a parede do lado de fora quando Laly, chorando, mas ao mesmo tempo sorrindo também, o surpreende.

-Imitando o Kiko?

-Lalinha?

-Ainda ta aí, sagui sem noção?

-Sempre...  – Laly pula no colo do amado - Le-le-leoa...

Laly enche o rosto de Abel de beijos e ele, por sua vez, pergunta:

-E o casamento? E o noivo?

-Você ta atrasado. – Laly para em frente a Abel com as duas mãos em volta da cintura

-Eu? – Abel coloca as duas mãos dentro dos bolsos da frente da calça de tergal

-Sim, senhor.

-Eu sou o noivo? – Abel coça a cabeça

-É sim... – Laly olha o relógio – Ta atrasado, hein? Se bem que pontual você nunca foi mesmo... – dá com os ombros

-Vamos nos casar?

-A menos que você não queira mais.

-O dia em que não te querer mais, meu coração terá parado de bater há muito tempo, minha leoa. Tome posse disso.

Abel coloca Laly no colo novamente e entra na igreja. Ao ver o casal, os convidados se levantam e a música continua tocando enquanto Abel entra com a amada. Muitos demonstram emoção. May e Fernanda apertam as mãos para não gritar de tanta alegria.

E após muitas, mas muitas reviravoltas, lágrimas, decepções, separações, micos e mal entendidos, a leoa e o sagui finalmente se casaram...

Nada foi normal no nosso relacionamento, a começar por nós dois. Eu, a atriz pornô que odiava o amor e ele o jornalista das frases prontas. Ninguém apostaria em nós dois juntos. Eu senti medo, ele também. O amor nos aproximou cada vez mais, como um dialeto que refutava o receio e nos incitava a ousar, a abandonar os velhos hábitos e dilemas, todo dejeto do passado, este a nos afastar por inteiro da plenitude.

Duas solidões interligadas por questões celestiais demais para serem assentadas em tópicos. Esforço-me para não padecer ao clichê e não encontro outras formas, não mesmo. As circunstâncias me induzem a falar de amor, ainda que inconscientemente.

Enquanto Laly narra seus próprios pensamentos, o casal troca alianças e sai da igreja ovacionado por todos. Antes de entrar na limusine branca, Laly para em frente ao templo de costas para as mulheres e atira o buquê. Na briga, quem acaba sendo sorteada é Emília, que sorri com timidez.

-Parece que mamãe vai casar novamente. – Mayra comemora

Edílson para em frente à Emília.

-Se sua mãe deixar. – beija a mão direita de Emília

-Edílson?

Edílson sorri para Emília, que o abraça.

-Nunca pensei...

-Você pensou. Aconteceu.

-Ma-mas...

Emília sempre nutriu um secreto amor por Edílson e sofria ao vê-lo com Eleonora, mas nunca pensou que Edílson pudesse vir a se apaixonar por ela.

-Não sou nenhum lord, já errei muito nessa vida, mas quero fazê-la feliz, isso é, se você permitir.

Edílson e Emília se beijam e as crianças continuam jogando arroz nos noivos e no novo casal que acabou de se formar.

Laly e Abel entram na limusine acenando aos parentes e amigos. A porta se fecha e o veículo segue em direção ao aeroporto.

Poderíamos passar pelo inferno, por todas as incontáveis provas de fogo a que fomos e ainda seríamos submetidos. Caímos, em estado de engano, fúria; desentendimento, ainda agindo infantilmente porque pensávamos ser adultos o bastante para conhecer o amor. Não éramos.

Em contrapartida, juntos somos um só coração e nos encontraremos sempre. O final feliz era questão de tentar, tentar de verdade. Tentar mais uma vez sendo sempre nós mesmos. Se não soubéssemos o que dizer, o próprio silêncio seria a sábia explicação. O silêncio e o tempo. Aprende-se sempre. Da maturidade não se escapa. Insistiremos para que ‘felizes para sempre’ seja um renovável propósito a nos acompanhar, passo a passo até o fim.

PENSA QUE ACABOU? AINDA TEM MAIS UM POUQUINHO DE CONFISSÕES...

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