sábado, 20 de julho de 2013

À segunda vista (conto)


Olá! Fiz uma pausa grande. Fazia tempo que não escrevia nada. Voltei rs.

Aproveito para fazer um convite: visitem-me também no blog: http://escritonaimaginacao.blogspot.com.br/.

Obrigada,

Abs


À segunda vista (Conto)
Eu não a via fazia muito tempo... dois ou três anos eu acho, tinha parado de contar. Não esperava vê-la naquela noite.
Era uma festa, aniversário de um amigo, e eu petrifiquei no chão quando ela chegou - por uma fração de segundo achei que minha mente tinha criado a imagem. Estava linda - como sempre.
Voltei no tempo.

Nos conhecemos meio por acaso - como não raro acontece. Alguém nos apresentou, beijo no rosto, sorrisos abertos, uma gracinha aqui, uma cantadinha ali, trocamos telefones, saímos para jantar e ficamos juntos. Eu me apaixonei antes do primeiro beijo (que babaquice, alguém vai dizer.); mas foi assim.

Foi paixão em estado puro; daquelas que fazem o cara afirmar que não existe mulher mais linda, mais especial, que dá aquela certeza de que jamais em toda sua vida sentiu algo parecido e nem voltará a sentir, entusiasmo, fogo; paixão das boas que te faz sossegar, e acreditar que nunca foi tão bom fazer amor (é, você usa a expressão fazer amor!), e todos os outros clichês que encaixam tão bem em todo inicio de história - aliás, todas as histórias de amor são iguais.    
 
Daí o tempo passou, e alguma coisa aconteceu - como sempre - e a realidade bateu à porta. Ela me deixou porque eu cometi um erro; e quando se afastou de mim levou a melhor parte da minha vida - Mais um clichê não é? Mas não é sempre assim? Quando não se tem mais é que se descobre que não havia mais nada a procurar, porque já se tinha tudo o que era preciso. 
 
Claro que eu tentei consertar! Lógico que pedi desculpas, disse que não faria de novo, implorei que ela acreditasse que havia sido um equivoco e que eu a amava. Mas não havia absolvição no meu caso: quem ama não falha como eu falhei. E ainda que eu realmente a amasse, ela não me perdoou.
 
Passei por todas as fases: neguei, depois assumi, e pedi perdão, chorei, e fiquei com raiva, depois triste, então enchi a cara e liguei bêbado, brigamos, me enchi de razão, sumi, reapareci, sai com outra, voltei a ligar, ela parou de me atender... desisti. O tempo passou e o silêncio gritou em meus ouvidos por muitas noites, mesmo que eu nunca mais tenha tido coragem de tomar uma atitude.
Agora ela está aqui e eu volto a ter 16 anos: envergonhado, sem assunto, meio bocó sem saber como chegar perto de uma mulher que povoa os meus sonhos dia após dia.   
 
As horas passam, a festa rola, bebo um pouco... e antes que seja tarde demais resolvo me arriscar. Respiro fundo, o coração bate acelerado e me aproximo, acho que vou levar um fora, mas ela abre um sorriso. Relaxo.
Ainda é ela, ainda sou eu! Conversamos como antes, rimos como sempre e a convidei para dançar. No meio da música nos beijamos; ela estava decidida e eu novamente apaixonado - pela segunda vez eu me apaixonei à primeira vista. Sabe como é... paixão é diferente de amor.
Eu a amo. A quero como amiga, como companheira, como cumplice. O tempo que passamos separados me fez ter uma certeza tão absoluta desse amor que chega a ser absurda a ironia dessa afirmação! Porém, paixão é outra coisa.
 
Estou apaixonado porque percebi que ela cortou o cabelo, porque ouvi com muita atenção tudo o que ela me disse, porque senti seu perfume e fui imediatamente transportado para um fim de tarde com gosto de sol, porque quando peguei em sua mão o calor dela percorreu meu corpo inteiro e fiquei excitado como um adolescente sonhando com uma capa de revista; estou apaixonado porque o mundo parou quando beijei sua boca e tudo o que fazia sentido para mim naquele momento, era tê-la nos braços.
 
A mulher que eu amo - e por quem sou perdidamente apaixonado - era minha outra vez e, embora não haja garantias, uma segunda chance de ser feliz é algo precioso demais para não ser reconhecido.
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domingo, 31 de março de 2013

Feliz Páscoa!


Páscoa significa passagem, e vem do hebraico Pessach. Páscoa é uma celebração da religião Católica, que simboliza a Ressurreição de Jesus Cristo depois da sua morte, após ter sido crucificado. A Páscoa é uma data móvel, que varia o dia a cada ano.
Os espanhóis chamam a data de Pascua, os italianos de Pasqua e os franceses de Pâques. A Páscoa é o dia mais importante para os católicos, e é cheio de símbolos que marcam gerações.  As famílias judaicas fazem um jantar especial, que geralmente dura oito dias.
Entre as civilizações antigas  

Historiadores encontraram informações que levam a concluir que uma festa de passagem era comemorada entre povos europeus há milhares de anos atrás. Principalmente na região do Mediterrâneo, algumas sociedades, entre elas a grega, festejavam a passagem do inverno para a primavera, durante o mês de março. Geralmente, esta festa era realizada na primeira lua cheia da época das flores. Entre os povos da antiguidade, o fim do inverno e o começo da primavera era de extrema importância, pois estava ligado a maiores chances de sobrevivência em função do rigoroso inverno que castigava a Europa, dificultando a produção de alimentos.

A Páscoa Judaica

Entre os judeus, esta data assume um significado muito importante, pois marca o êxodo deste povo do Egito, por volta de 1250 a.C, onde foram aprisionados pelos faraós durantes vários anos. Esta história encontra-se no Velho Testamento da Bíblia, no livro Êxodo. A Páscoa Judaica também está relacionada com a passagem dos hebreus pelo Mar Vermelho, onde liderados por Moises, fugiram do Egito.
Nesta data, os judeus fazem e comem o matzá (pão sem fermento) para lembrar a rápida fuga do Egito, quando não sobrou tempo para fermentar o pão.  

A Páscoa entre os cristãos

Entre os primeiros cristãos, esta data celebrava a ressurreição de Jesus Cristo (quando, após a morte, sua alma voltou a se unir ao seu corpo). O festejo era realizado no domingo seguinte a lua cheia posterior al equinócio da Primavera (21 de março).
Entre os cristãos, a semana anterior à Páscoa é considerada como Semana Santa. Esta semana tem início no Domingo de Ramos que marca a entrada de Jesus na cidade de Jerusalém.   

A História do coelhinho da Páscoa e os ovos  

A figura do coelho está simbolicamente relacionada à esta data comemorativa, pois este animal representa a fertilidade. O coelho se reproduz rapidamente e em grandes quantidades. Entre os povos da antiguidade, a fertilidade era sinônimo de preservação da espécie e melhores condições de vida, numa época onde o índice de mortalidade era altíssimo. No Egito Antigo, por exemplo, o coelho representava o nascimento e a esperança de novas vidas.

Mas o que a reprodução tem a ver com os significados religiosos da Páscoa? Tanto no significado judeu quanto no cristão, esta data relaciona-se com a esperança de uma vida nova. Já os ovos de Páscoa (de chocolate, enfeites, jóias), também estão neste contexto da fertilidade e da vida.
A figura do coelho da Páscoa foi trazido para a América pelos imigrantes alemães, entre o final do século XVII e início do XVIII.

Fica aqui o desejo de uma boa Páscoa da equipe do MTVW.


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quinta-feira, 28 de março de 2013

Doce Balanço - Capítulo 44


CENA 1 - CASTELINHO - INT. - DIA.

 MARCOS - (encarou Dante com irritação) Você me chamou aqui pra isso?
 DANTE - Desculpe, Marcos. Reafirmo meu desejo de, tãosomente, colaborar com você.
 MARCOS - (para Manolo) Tem certeza do que acabou de dizer?
 MANOLO - Acho que era ela...
 MARCOS - (insistiu, incisivo) Você acha, ou tem certeza?!
 DANTE - Você não tem certeza, Manolo?
 MANOLO - Tenho, sim. Era ela mesma.

CORTA PARA:
CENA 2 - CASTELINHO - EXT. - NOITE.

MARCOS E DANTE SAÍRAM DO BAR.

 MARCOS - E agora, você pretende publicar essa história?
 DANTE - Não. Ainda é cedo para isso. O meu desejo como repórter e, sobretudo como profissional honesto, é obter uma boa reportagem. Apenas isso. Se me ajudar, talvez você possa fazer o mesmo por mim, na minha busca da verdade.
 MARCOS - Ajudar como?
 DANTE - Eu queria conversar com sua mulher.
 MARCOS - Sobre isso? Nunca! Não vou permitir! Isso está fora de cogitação!

NESSE MOMENTO DOBRAVAM UMA ESQUINA, QUANDO MALU SURGIU À SUA FRENTE.

 MALU - (olhou para Marcos com raiva) Liguei pro seu Germano e você não apareceu lá!
 MARCOS - (ficou meio sem jeito) Estava indo para lá, mas encontrei um amigo. Conhece? (apresentou) Dante Gurgel.
 MALU - (respondeu seca e sem nenhum interesse) Já nos conhecemos bastante.

MALU VOLTOU-SE, BRUSCAMENTE E AFASTOU-SE EM OUTRA DIREÇÃO. HAVIA NOTADO QUE O MARIDO LHE MENTIRA.

 MARCOS - (chamou, embaraçado) Malu, espere! Aonde você vai... (bufou, impotente) Droga!

MALU SEGUIU SEU CAMINHO, SEM OLHAR PARA TRÁS.

CORTA PARA:
CENA 3 - PRÉDIO DO APARTAMENTO DE MALU - EXT. -NOITE.

MALU VOLTOU PARA CASA, MUITO NERVOSA. NA PORTARIA, VIU SEU CARRO ESTACIONADO À FRENTE DO PRÉDIO. NUM
IMPULSO, ENTROU NO VEÍCULO E DEU PARTIDA, SOB O OLHAR CURIOSO DO PORTEIRO DO PRÉDIO.

CORTA PARA:
CENA 4 - RUA DE IPANEMA - EXT. - NOITE.

NA AV. VISCONDE DE PIRAJÁ, MALU ACELEROU, IMPACIENTE, ULTRAPASSANDO ALGUNS CARROS À SUA FRENTE.

CENA 5 - AV. VISCONDE DE PIRAJÁ - EXT. - NOITE.

DORIVAL RIBEIRO COMEÇOU A ATRAVESSAR A AVENIDA, QUANDO O CARRO SURGIU, EM ALTA VELOCIDADE. MALU ARREGALOU OS OLHOS, VIROU O VOLANTE, PISOU NO FREIO, PERDEU O CONTRÔLE DA DIREÇÃO. UM BAQUE SURDO ACERTOU DORIVAL EM CHEIO, ATIRANDOO, DESACORDADO, AO MEIO-FIO.MALU SAIU DO CARRO, OLHOU PARA A PEQUENA MULTIDÃO QUE COMEÇAVA A SE FORMAR, COMEÇOU A TREMER DESCONTROLADAMENTE E DESMAIOU. UM HOMEM DE MEIAIDADE QUE SE APROXIMAVA DOLOCAL AMPAROU-A E GRITOU, AFLITO:

 HOMEM - alguém chame uma ambulância, pelo amor de Deus!

A POUCOS METROS DE DISTÂNCIA, ALGUNS CURIOSOS ACERCARAM-SE DO CORPO INERTE DE DORIVAL.

CORTA PARA:
CENA 6 - APARTAMENTO DE MONTEIRO PRADO - QUARTODE MONTEIRO - INT. - NOITE.

ERA QUASE 1 DA MADRUGADA, QUANDO O TELEFONE TOCOU INSISTENTEMENTE. MONTEIRO PRADO ACORDOU. SONOLENTO, LEVANTOU-SE DA CAMA, DE PIJAMA, E ATENDEU RESMUNGANDO.

 MONTEIRO PRADO - Isso é hora de ligar pra casa dos outros!... Alô! De onde? Hospital? (empalideceu, atônito) Sim, sim! Eu sou o pai dela! Meu Deus! Onde foi isso? Estou indo praí! Obrigado!
 ISADORA - (acordou, esfregando os olhos) O que aconteceu?
MONTEIRO PRADO - Malu... atropelou um homem! Está no hospital. Teve outra crise nervosa!
 ISADORA - Nossa! Outro dia ela bateu o carro. Agora, atropelou um pobre coitado!... Gente, alguém tem de caçar a habilitação da sua filha. Tá se tornando um perigo pra sociedade!
 MONTEIRO PRADO - (encarou-a, irritado) Isadora, poupeme de sua ironia! Se não pode ajudar,por favor, não atrapalhe!

E COMEÇOU A VESTIR-SE, MUITO NERVOSO.

CORTA PARA:
CENA 7 - APARTAMENTO DE MALU - SALA - INT. - NOITE.

QUANDO MARCOS ENTROU EM CASA, O TELEFONE TOCAVA INSISTENTEMENTE. CORREU A ATENDER.

 MARCOS - Alô! Sim, sou eu. Oi, doutor Monteiro. O quê?
Malu? Deus do Céu! Onde ela está? Estou indo praí! Até já! (desligou o telefone e correu para a porta) Deus, faça com que ela esteja bem!

CORTA PARA:
CENA 8 - HOSPITAL - QUARTO - INT. - NOITE.

EM COMPANHIA DO MÉDICO DE PLANTÃO, MONTEIRO PRADO ENTROU NO QUARTO, APREENSIVO.

 MONTEIRO PRADO - Ela está consciente, doutor?
 MÉDICO - (assentiu com a cabeça) Sim. Teve uma crise nervosa. Chegou aqui tremendo muito, com os olhos vidrados. Deilhe um calmante. Agora estámais calma.

MONTEIRO APROXIMOU-SE DO LEITO ONDE MALU DESCANSAVA.

 MONTEIRO PRADO - Filha! O que aconteceu com você, meu amor?
 MALU - (fitou o pai nos olhos, com tranqulidade) Não sei. Não lembro. Por que estou aqui?
 MONTEIRO PRADO - (procurou os olhos do médico, preocupado) Não... não lembra? Não lembra de nada?
 MALU - Não. O que aconteceu? Falem, por favor!

A PORTA DO QUARTO ABRIU-SE E MARCOS ENTROU, AFLITO.

 MARCOS - Onde ela está? Ela está bem?
 MONTEIRO PRADO - Marcos! Sim, ela está bem... quer dizer... a não ser...
 MARCOS - (desconfiado) A não ser...?
 MÉDICO - Ela sofreu um choque muito grande e teve uma espécie de amnésia. Não se recorda do que aconteceu.

MARCOS APROXIMOU-SE DA CAMA E BEIJOU A ESPOSA NO ROSTO.

 MARCOS - Meu amor, que susto você me deu!
 MALU - Marcos, eu quero saber... o que aconteceu comigo?
 MARCOS - Você sofreu um acidente de carro... mas agora está tudo bem.... não é mesmo, doutor?
 MÉDICO - Tão bem que, em uma hora, pode voltar para casa.
 MALU - Ainda bem (bocejou) Quero dormir na minha cama...

CORTA PARA:
CENA 9 - HOSPITAL - CORREDOR - INT. - NOITE.

MONTEIRO PRADO FEZ A PERGUNTA QUE MARTELAVA EM SUA CABEÇA:

 MONTEIRO PRADO - Doutor... como está o homem que ela atropelou? Ele... está vivo?
 MÉDICO - Quebrou um braço, duas costelas e teve algumas escoriações pelo corpo. Está fora de perigo. Teve muita sorte...
 MONTEIRO PRADO - (levantou as mãos para o alto) Graças a Deus! (e para o médico) Doutor... faça o que for necessário por ele. Tudo por minha conta.

CORTA PARA:
CENA 10 - APARTAMENTO DE MARCELÃO - SALA - INT. -DIA.

MARCELÃO GARGALHAVA, DIVERTINDO-SE COM OS DRAMAS DO RECÉM-CASADO CECÉU.

 MARCELÃO - Quer dizer que até hoje você ainda não compareceu? Tá deixando a coitada da D. Soledad subindo nas paredes?
 CECÉU - (sem graça) Não brinca, não, cara! A situação é desesperadora! Já esgotei todo o meu estoque de desculpas... um dia é enxaqueca, outro, dor de dente, diarréia, unha encravada...
 MARCELÃO - Meu velho, tem que ter jogo de cintura... Lembre-se da fortuna que você vai herdar quando a velha bater as botas!
 CECÉU - Isso é que tá me preocupando! A velha está mais viva do que nunca! Parece que a cada dia fica mais forte!
 MARCELÃO - E Tatiana?
CECÉU - Tá uma fera! Nem tá falando direito comigo... E agora, meu velho, o que eu faço? Como sair dessa roubada?
 MARCELÃO - (pensou um pouco e falou) O jeito... é você matar a véia!
 CECÉU - Ficou louco, Marcelão? Não brinca assim, não, pô!
 MARCELÃO - Não tou brincando, velho. Imagina se a velha sofresse um acidente fatal... Você herdaria a grana dela muito mais cedo e resolveria logo essa situação!...
 CECÉU - (coçou a cabeça e fitou Marcelão, atordoado) Velho, você tá falando sério? Ainda não tou acreditando...
 MARCELÃO - Pensa bem, Cecéu: a velha não tá com os dias contados? Então? Você estaria cometendo um ato cristão... Ia apenas abreviar o sofrimento dela... Seria uma espécie... de eutanásia, sacou?
 CECÉU - Euta o que?...
 MARCELÃO - ... násia. Eutanásia. Significa abreviar a morte de uma pessoa enferma incurável, pra acabar com o sofrimento... É lógico que ninguém pode saber, além de você!
 CECÉU - Mas... mas como eu faria isso?
 MARCELÃO - Simples, meu caro: uma queda de uma escada, por exemplo...
 CECÉU - (arregalou os olhos, excitado) Caramba! Sabe que tou começando a processar essa idéia?

A CAMPAINHA TOCOU. VOSKOPOULUS ABRIU A PORTA E ENTROU NA SALA SEGUIDO DE D. SOLEDAD. MARCELÃO E CECÉU FITARAM-NA, SURPRESOS, COMO SE ESTIVESSEM DIANTE DE UM FANTASMA.

 CECÉU - Soledad! Você aqui?!
 D. SOLEDAD - Que cara é essa, hombre? Parece que ustedes miran un fantasma! Cecelito,estoy procurando usted o dia todo!
 CECÉU - (sorriu amarelo, tentando parecer natural) Oi, Soledad... estava aqui com meu amigo Marcelão tratando de negócios...
 D. SOLEDAD - Io imaginei que encontraria usted aqui... Mas... que tipo de negócios?
 CECÉU - Negócios... negócios, ora...
 MARCELÃO - (adiantou-se) Como está, D. Soledad? Sentese. Aceita um licorzinho? (e para omordomo) Voskô, sirva um licor pra D. Soledad.
D. SOLEDAD SENTOU-SE AO LADO DE CECÉU.
 MARCELÃO - (cortou) Chamei Cecéu aqui para discutirmos os planos de uma grande produção cinematográfica. Não sei se a senhora sabe que sou produtor...
 D. SOLEDAD - Non... io non sabia... Cecéu non me dije nada... Que producion están tratando? Um filme?
 MARCELÃO - Um grande filme! Vai ser um sucesso! Devemos começar a rodar logo depois do carnaval.
 D. SOLEDAD - Entonces já tienem todo!
 MARCELÃO - Quase tudo. Falta só o argumento e o dinheiro.
 D. SOLEDAD - Entonces non tienem nada! (bebia o licor preparado por Voskopoulus) Adoro cinema! Mas o que me gusta mesmo son as telenovelas! E confesso que io tengo um sonho de ser atriz de telenovelas! “Triunfo del Amor”, “Acorrentada”, “El Privilégio de Amar”, son novela inesquecíveis! Me gusta mucho!
 MARCELÃO - Taí! Nós podemos realizar seu sonho! Uma
telenovela! Tenho um argumento maravilhoso que podemos transformar numa novela de muito sucesso, e depois vender para uma grande emissora!
 D. SOLEDAD - Conte-me todo! Do que se trata? Es una história de amor? Adoro romances!

DIANTE DO CONFUSO E AINDA ATORDOADO CECÉU, MARCELÃO TRANSMITIU PARA D. SOLEDAD SUA HISTÓRIA COM RIQUEZA DE DETALHES.

CORTA PARTA:
CENA 11 - HOSPITAL - QUARTO DE DORIVAL - INT. - DIA.

ALFREDINHO GIROU A MAÇANETA, LENTAMENTE, E APROXIMOU-SE DO LEITO DO PAI. O FOCO DE LUZ ILUMINAVA O ROSTO ABATIDO DE DORIVAL. UM DOS BRAÇOSESTAVA ENGESSADO, ESTENDIDO E AMPARADO POR UM TRAVESSEIRO PEQUENO. NO OUTRO BRAÇO, À ALTURA DO COTOVELO, DUAS TIRAS DE ESPARADRAPO PRENDIAM A AGULHA. PINGO A PINGO O SÔRO DESCIA. ALFREDINHO FIXOU O QUADRO. DEU UM PASSO NO INTERIOR DO QUARTO E CERROU A PORTA ÀS SUAS COSTAS. DORIVAL ERGUEU OS OLHOS AO PERCEBER O LEVE MOVIMENTO DE PÉS. NÃO ERA A ENFERMEIRA. NA SEMI-OBSCURIDADE DO AMBIENTE CUSTOU-LHE A RECONHECER O VISITANTE.

DORIVAL - Alfredinho
 ALFREDINHO - (aproximou-se) Oi, velho! Caramba, o que aconteceu com você? Um rolo compressor passou por cima?
 DORIVAL - (esboçou um sorriso) Quase isso... Que surpresa você aqui... meu filho lembrou que seu velho pai existe...
 ALFREDINHO - A enfermeira me ligou. Falou que você pediu.
 DORIVAL - Pois é. Tava me sentindo muito só, abandonado nessa cama de hospital. Aí pensei: vou pedir pra alguém avisar meu filho. Quem sabe não vem me visitar? Não acreditei que você viria...
 ALFREDINHO - E aqui estou eu.
 DORIVAL - (emocionado) Estou muito feliz... muito feliz, meu filho.
 ALFREDINHO - Eh... vamos parar com esse melodrama, tá? Não curto isso, velho. Me conta... como aconteceu isso?
 DORIVAL - Fui atropelado pela filha do Monteiro Prado, o banqueiro.
 ALFREDINHO - (admirado) Malu?!
 DORIVAL - Ela mesmo. Eu tava atravessando a rua, quando ela me atingiu em cheio.
 ALFREDINHO - Malu... caramba...
 DORIVAL - Você a conhece?
 ALFREDINHO - E muito! É da minha turma! Quer dizer...era, antes de casar com aquele padreco idiota!
 DORIVAL - O doutor Monteiro está me dando toda a assistência. Assumiu todas as despesas do hospital e do tratamento.
 ALFREDINHO - É pouco! Podemos arrancar muito mais grana dessa gente! São podres de ricos! Vai por mim, velho:
podemos lucrar muito em cima desse acidente! Se ele se negar a pagar, ameaçamos levar essa história pros jornais! Vamos exigir, deixe ver... quinhentos mil! Quinhentos mil reais! Monteiro Prado não vai querer o nomeenvolvido num escândalo! Velho, você foi atropelado por uma mina de ouro! (cerrou o punho e deu um soco no ar, quase com raiva) Yes!


FIM DO CAPÍTULO 44

Em virtude do feriado,Doce Balanço volta na próxima segunda às 21 horas.
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quarta-feira, 27 de março de 2013

Doce Balanço - Capítulo 43


CENA 1 - BOATE DO DIABO - INT. - NOITE.

MESMO ATORDOADO, MARCOS RECONHECEU A VOZ DE ALFREDINHO POR TRÁS DA MÁSCARA, E PERCEBEU SUA JOGADA MALDOSA LIGANDO PARA MALU. NUM ÁTIMO, AVANÇOU PARA ELE E DEU-LHE UM TREMENDO SOCO NO ROSTO, ATIRANDO-O LONGE.

 MARCOS - Patife! Canalha!

ALFREDINHO CAIU. LEVANTOU-SE, PREPARANDO-SE PARA REVIDAR, MAS NÃO FOI NECESSÁRIO. MARCOS CAMBALEOU, SOB O EFEITO DA DROGA E CAIU PESADAMENTE NO CHÃO DA BOATE, DESACORDADO.

 ALFREDINHO - Fica aí, lambendo o chão, padreco idiota! (acenou para os presentes) Bom, pessoal, vou meter o pé! Vem comigo, Julio?
 JULIO BIRUTA - Tamo junto, mano!

CORTA PARA:
CENA 2 - APARTAMENTO DE VALÉRIA - SALA - INT. -NOITE.

ERA MADRUGADA QUANDO ALFREDINHO E JULIO BIRUTA RETORNARAM AO APARTAMENTO DE VALÉRIA.

 JULIO BIRUTA - Mas por que é que ele anda atrás dessa tal Lucrécia?
 ALFREDINHO - Sei lá. Eu acho que não existe Lucrécia nenhuma. Esse foi o apelido que Diana botou em Malu, por causa do jeito dela, meio doidona, querendo mandar em todo mundo.
 JULIO BIRUTA - Boa, essa é boa. Ele tá procurando uma mulher que é a mulher dele.
OS DOIS RIRAM.
 JULIO BIRUTA - (parou de súbito) Mas escuta, será que não aconteceu nada com ele? Parecia morto, quando a gente saiu da boate.
 ALFREDINHO - Tava não. É que ele é frouxo. Muito frouxo.
 JULIO BIRUTA - (lembrou a briga) Mas te acertou um direito que vou te contar! Mesmo bêbado, ele é fogo!
 ALFREDINHO - (passou a mão no rosto machucado) É, o padreco pega bem, às vezes (olhou-se num espelho) Tou preocupado não é com isso, mas em descobrir por que ele quer saber quem é Lucrécia. Manolo, o garçom lá do Castelinho, me disse que ele andou fazendo umas perguntas. Mas vai entrar bem, olha o que tou te dizendo!

CORTA PARA;
CENA 3 - BOATE DO DIABO - INT. - NOITE.

MALU ENTROU NA BOATE, AFLITA, E FOI LEVADA POR UM MASCARADO, À PRESENÇA DO MARIDO, QUE PERMANECIA DESACORDADO, DEBRUÇADO A UMA MESA NUM CANTO ESCURO DA BOATE. AUXILIADA PELO MASCARADO, SAIU COM MARCOS DO INFERNINHO, ARRASTANDO-O COM DIFICULDADE, APOIADO PELOS OMBROS.

CORTA PARA:
CENA 4 - APARTAMENTO DE MALU - QUARTO - INT. - DIA.

NO DIA SEGUINTE, MARCOS ABRIU OS OLHOS, AINDA ATORDOADO. PROCUROU MALU NA CAMA, MAS SEU LADO ESTAVA VAZIO.

 MARCOS - Que dor de cabeça... o que aconteceu? Malu!

MALU ENTROU NO QUARTO, JÁ ARRUMADA.

 MALU - (falou com frieza) Tome um banho e vista-se. Precisamos ter uma conversa.

CORTA PARA:
CENA 5 - APARTAMENTO DE MALU - SALA DE JANTAR -INT. – DIA

ENQUANTO TOMAVAM O CAFÉ DA MANHÃ, CONVERSAVAM.

 MALU - Se tivesse me perguntado quem é Lucrécia, teria nos poupado do vexame de ontem à noite!
 MARCOS - Desculpe... eu não podia imaginar... Você sabe quem é Lucrécia?
 MALU - Você está diante dela! Sou eu!
 MARCOS - (se assustou com a declaração de Malu) Você é
Lucrécia!

MALU SACUDIU A CABEÇA, AFIRMATIVAMENTE.
 MARCOS - Mas... não entendo a razão...

 MALU - Eu também não entendo porque você não consegue se libertar de Diana. Ao menos em respeito a mim, você devia fazer um esforço. Afinal, é muito chato casar com um homem e ver que ele continua amarrado a outra mulher, embora essa mulher já tenha morrido.

MARCOS BAIXOU A CABEÇA.

 MARCOS - Malu, eu não continuo preso a Diana do jeito que você imagina. Mas sim, ao que aconteceu a ela. Todos nós ainda estamos presos a isso e não há maneira de nos libertarmos, enquanto tudo não for esclarecido.  
 MALU - (deu de ombros e respondeu, pensativa) Mas não cabe a mim, nem a você, esclarecer nada!
 MARCOS - Disso é que eu discordo. Não é por Diana, é por nós mesmos.
 MALU - Diana, Diana... Tou cheia de ouvir esse nome! (gritou, e antes que Marcos pudesse dizer alguma coisa, saiu abruptamente da sala de jantar).

MARCOS LEVANTOU-SE E FOI ATRÁS DELA.

CENA 6 - APARTAMENTO DE MALU - SALA - INT. - DIA.

 MARCOS - Malu, você me desculpe. Mas isso é muito importante para nós, acredite. Nossa felicidade agora depende disso também!
 MALU - (ergueu os olhos e perguntou, sarcásticamente) De quê?
 MARCOS - De suplantarmos todos esses problemas. Para isso, é preciso não fugirmos deles, mas sim, olharmos tudo de frente, ter a consciência tranquila. Apenas, no momento, só estou querendo que você me explique por que disse que é Lucrécia.
MALU RIU.
 MALU - Não há nenhuma Lúcrécia. Isso era uma brincadeira que Diana gostava de fazer e me irritava muito. Quando nós brigávamos, ela me chamava de Lucrécia Bórgia. Justamente porque sabia que eu não gostava!

CORTA PARA:
CENA 7 - DELEGACIA - SALA DO DELEGADO NOGUEIRA -INT. 

NOGUEIRA LIA UM JORNAL. VISÌVELMENTE NERVOSO. ATIROU-O SOBRE A MESA. LEVANTOU-SE E DIRIGIU-SE A AMADEU, QUE ENTRAVA NA SALA:

 DELEGADO NOGUEIRA - Valéria continua a se dizer inocente. E aquele tal de Dante Gurgel resolveu agora fazer com ela o mesmo que fez com Diana Molina: de ré, Valéria passou a ser vítima. Vítima da Polícia. De mim.

O DETETIVE DISSE QUALQUER COISA. NOGUEIRA NÃO OUVIU. ESTAVA PERDIDO NAS PRÓPRIAS IDÉIAS.

 DELEGADO NOGUEIRA - Escute, Amadeu, você está mesmo convencido de que foi ela?
 DETETIVE AMADEU - Estou.
 DELEGADO NOGUEIRA - Pois olhe, vou lhe confessar uma coisa: não estou mais. Estive revendo o processo, e quando terminei, estava em dúvida. E esta dúvida está mexendo com meus nervos! Justamente porque nós sabemos como a confissão foi obtida. Agora, há outros indícios, como por exemplo a declaração do garçom de que a vítima estava com uma moça morena, de olhos grandes, minutos antes do crime. (e súbito) Espera aí... Selminha, minha filha, era amiga de Diana... é morena e tem olhos grandes...
 DETETIVE AMADEU - Selminha? Será...
 DELEGADO NOGUEIRA - (cortou, levantando-se) Eu poderia ligar pra ela e perguntar... mas acho melhor fazer isso pessoalmente. Amadeu, vou até minha casa!

CORTA PARA:
CENA 8 - APARTAMENTO DO DELEGADO NOGUEIRA -SALA - INT. - DIA.

 SELMINHA - (negou) Não. Não era eu.

 DELEGADO NOGUEIRA - Filha, por favor, tente se lembrar de alguma coisa... É muito importante. Você viu ou falou com Diana naquela noite?
 SELMINHA - Não, meu pai. Não vi nem falei com Diana. Naquela noite fui ao cinema com Fred Gaspar. Me lembro até do filme. “Qualquer Gato Viralata”, com Cléo Pires. Depois a gente encontrou Hugo Matias no Jangadeiros. Dali fomos para o Castelinho. Era mais ou menos uma hora. Porém Diana não estava lá. Pelo menos eu não vi.

CORTA PARA:
CENA 9 - APARTAMENTO DE MARCELÃO - SALA - INT. -NOITE.

“ALELUIA, ALELUIA”. VOSKOPOULUS ABRIU A PORTA. ERA NOEMIA.

 NOEMIA - (sorriu, amável) Boa noite. Eu gostaria de falar com Marcelão.

O MORDOMO OLHOU-A, DESCONFIADO. MOSTROU-LHE A POLTRONA E FOI CHAMAR O PATRÃO.

 MARCELÃO - (entrando na sala, surpreso) Madame X! Quis dizer... Noemia... você!
 NOEMIA - Surpreso, Marcelo? E olhe, não precisa ficar embaraçado... eu sei que você me chama de Madame X. Não ligo. (olhou para o mordomo) Podemos conversar em particular?
 MARCELÃO - (desconfiado) Claro... claro. Vamos pro ateliê.

CORTA PARA:
CENA 10 - APARTAMENTO DE MARCELÃO - ATELIÊ - INT. - NOITE.

 MARCELÃO - Pronto. Diga o que quer.

NOEMIA APROXIMOU-SE E OLHOU-O DOS PÉS À CABEÇA, COM AR SEDUTOR.

 NOEMIA - Você continua bonitão, Marcelo. O tempo foi generoso com você. Ficou ainda mais interessante... se é que isso é possível!
 MARCELÃO - (seco) Fale de uma vez, Noemia. O que quer? O que tá planejando desta vez, pra tirar Laurinha de mim?
 NOEMIA - (ofendida) Meu Deus, que imagem terrível você faz de mim! Vim de coração aberto, desarmada, e você me trata assim! (acariciou-lhe o rosto) Relaxa, Marcelo... Sabe, estive pensando muito em tudo o que aconteceu... Não quero continuar essa guerra com você. Afinal, somos os pais de Laurinha. Você sabe, esses laços são para toda a vida. Não é bom para a menina ser criada assim, com os pais brigando, se odiando...
 MARCELÃO - Ok, diga que não vai mais tentar tirar
Laurinha de mim e que vai voltar pra Europa pra sempre. Só assim poderemos ser os melhores amigos deste mundo!
 NOEMIA - Pare de me agredir, Renato! Vim aqui com a melhor das intenções! Eu... eu preciso da sua ajuda!
 MARCELÃO - Pra quê?
 NOEMIA - Meu marido, o armador sueco, está no Brasil à minha procura. Quer me levar pra Europa, mas não quero voltar agora. Marcelo... posso ficar uns dias aqui, escondida na sua casa?
 MARCELÃO - Aqui?!
 NOEMIA - Por que esse espanto? Vai ser bom. Quem sabe a gente não descobre outro jeito de resolver o problema da nossa filha?
 MARCELÃO - O... o que você quer dizer com isso?
 NOEMIA - (fitou-o nos olhos, com ardor) Quem sabe a gente não precise mais escolher com quem nossa filha vai ficar...
 MARCELÃO - (com ironia) Ficou louca? Olha, se eu puder ajudar esse tal armador a levar você pra sempre e o mais depressa possível, ele pode contar comigo! Nada feito, Madame X! Não perca seu tempo! E quer um conselho? Volte pra sua vidinha de dondoca na Europa, porque não vai levar a Laurinha com você. Ainda mais, depois do vexame daquela bebedeira e da sua prisão!...
 NOEMIA - (lívida) Que você armou contra mim! Que golpe baixo, hem, Marcelão!
 MARCELÃO - Agora, se me dá licença, tenho uma coisa importantíssima pra fazer: vou à praia!

NOEMIA TREMIA DE RAIVA.

 NOEMIA - Cafajeste! Nunca fui tão humilhada! Você me paga, Marcelão! Isso não vai ficar assim!

NOEMIA DEU-LHE AS COSTAS E SAIU.

 MARCELÃO - Ora, mas vejam só... Madame X veio me passar uma cantada!... Era só o que faltava!!

CORTA PARA:
CENA 11 - CASTELINHO - INT. - NOITE.

MARCOS E MALU ENTRARAM NO BAR, DE MÃOS DADAS. MARCOS OLHOU EM VOLTA E AVISTOU MANOLO, O GARÇOM. PROCUROU UMA MESA EM QUE PUDESSEM SER SERVIDOS POR ELE.

 MALU - Gostei do convite pra jantar. Adoro o Castelinho. Vinha muito aqui com Dian... com meus amigos.
 MARCOS - Que bom que gostou! Tudo pra ver minha linda esposa feliz!

 MARCOS CONVIDOU MALU PARA IR AO CASTELINHO PARA QUE O GARÇOM A VISSE. SEM QUE ELA SE APERCEBESSE, É
CLARO. MAS FOI EM VÃO. SE ELE A RECONHECEU COMO A MOÇA MORENA, DE OLHOS GRANDES, QUE ALI ESTIVERA COM DIANA, ANTES DO CRIME, DE MODO ALGUM O DEMONSTROU.

 MANOLO - Boa noite. Em que posso servi-los?
 MARCOS - (olhou para Malu) O que vai beber, amor?
 MALU - Traga a carta de vinhos, por favor!

CORTA PARA:
CENA 12 - APARTAMENTO DE MALU - INT. - NOITE.

MEIA HORA DEPOIS DE CHEGAREM EM CASA, DANTE LIGOU PARA O CELULAR DE MARCOS PEDINDO-LHE PARA RETORNAR AO CASTELINHO, COM URGÊNCIA.

 MALU - Quem era?
 MARCOS - (embaraçado) Era... seu Germano. Pediu para falar comigo, agora.
 MALU - Agora, amor? Por que tanta urgência? Aconteceu alguma coisa com ele ou D. Marieta?
 MARCOS - Não sei. Ele não disse. Só pediu que eu fosse até a casa deles o mais rápido possível.
 MALU - Que estranho...
 MARCOS - (beijou-a no rosto) Não demoro. Prometo.

MARCOS SAIU. MALU DEIXOU-SE CAIR NO SOFÁ, PENSATIVA.

CORTA PARA: DCENA 13 - CASTELINHO - INT. - NOITE.

MEIA HORA DEPOIS, MARCOS ESTAVA DIANTE DO JORNALISTA.

 MARCOS - Olá, Dante! O que tem de tão urgente pra falar comigo?
 DANTE - (chamou) Manolo! (o garçom aproximou-se) Diga a ele, Manolo, quem era a moça que estava com Diana na noite do crime.

MARCOS ENCAROU OS DOIS, ATORDOADO.

 MANOLO - (respondeu, olhando para Marcos) Era aquela que veio hoje aqui com o senhor!


FIM DO CAPÍTULO 43
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terça-feira, 26 de março de 2013

Doce Balanço - Capítulo 42


CENA 1 - APARTAMENTO DE MONTEIRO PRADO -ESCRITÓRIO - INT. - NOITE.

 ISADORA - (reagiu indignada) Mas que calúnia! Você viu,
Monteiro, como sua filha me odeia? Chegou ao absurdo de inventar que tenho um caso com Marcelão e que só quero seu dinheiro! (e para Malu) Queridinha, não acha que já tá apelando?
 MALU - (deu de ombros) Não falei em caso, falei que você é gamada nele, mas, pensando bem... sabe que isso é bem possível!
 MONTEIRO PRADO - Parem com isso, pelo amor de Deus!
 ISADORA - Você viu como sua filha me trata? Faço tudo pra me dar bem com ela e só recebo patadas!
 MALU - Não ia embora, Gata Amarela? O que está esperando?
 ISADORA - (fez uma pausa e decidiu) Voltei atrás! Se dona Sulamita, esta pobre mulher, precisa de ajuda, vamos ajudá-la. Eu confio no meu marido. Monteiro, meu querido, se você acha melhor assim... ela fica!
 MALU - Ela ia ficar, de qualquer maneira, independente de você querer ou não!

ISADORA PROCUROU ABRIGO NOS BRAÇOS DO BANQUEIRO.

 ISADORA - Monteiro, você está vendo? Ela me odeia...
 MONTEIRO PRADO - Bem, se está tudo resolvido, vamos parar com essa discussão! Chega!
 ISADORA - Vou pro meu quarto!
 MALU - Vá! Vá, Gata Amarela!

CORTA PARA:
CENA 2 - APARTAMENTO DE MALU - SALA - INT. - NOITE.

UMA HORA DEPOIS, MALU VOLTOU PARA CASA. MARCOS RECEBEU-A, ANIMADO.

 MARCOS - Poxa, até que enfim! Posso saber o que minha mulher fazia na rua até esta hora?
 MALU - (abraçou-o e beijou-o) Hum, mas que gostoso voltar para casa e encontrar meu marido preocupado comigo! Estava na casa de meu pai, amor. E tenho novidade: minha mãe voltou para casa.
 MARCOS - Que bom! Eu também tenho novidades!
 MALU - Tou curiosa! Fala!
 MARCOS - Consegui o emprego! Começo a dar aulas segunda-feira!

ABRAÇARAM-SE, FELIZES.

CORTA PARA:
CENA 3 - APARTAMENTO DE MONTEIRO PRADO - SALA DE JANTAR - INT. - DIA.

ISADORA TOMAVA CAFÉ, OBSERVADA POR SULAMITA, SENTADA, COSTURANDO.

 ISADORA - Senhorinha, a senhora quer fazer o favor de afastar essa mulher daqui? Eu tenho medo. Não posso tomar café com uma louca me olhando.
 SENHORINHA - (aproximou-se de Sulamita e falou brandamente) Dona Sulamita, a senhora não quer dar uma volta na piscina? Está um sol muito bonito!
 SULAMITA - (mostrou a língua para Isadora e virou-se para Senhorinha) Agora não posso. Estou muito ocupada. Tenho que terminar este vestido até a semana que vem. Sabe, ele pode chegar de repente...
 SENHORINHA - Mas a senhora podia continuar costurando lá mesmo.
 SULAMITA - (fitou Isadora, desafiadora) Não. Vou ficar aqui!

A GOVERNANTA FEZ UM GESTO DE IMPOTÊNCIA PARA ISADORA, QUE SAIU PARA O SEU QUARTO, RESMUNGANDO.

 ISADORA - Que inferno! Eu sabia que isso não ia dar certo! Eu sabia!
 SULAMITA - Senhorinha, você já recebeu a correspondência?
 SENHORINHA - Ainda não, dona Sulamita.
 SULAMITA - (irritou-se) Não é possível! Augusto deve estar interceptando as minhas cartas! Lá no Sanatório faziam a mesma coisa. Roberto nunca passou uma semana sem me escrever!

OLHOU, ENLEVADA, PARA UMA FOTOGRAFIA DO CANTOR
ROBERTO CARLOS SOBRE A MESA.

 SULAMITA - O meu querido Roberto!

CORTA PARA:
CENA 4 - “FOLHA DO RIO” - SALA DE DANTE - INT. - DIA.

A MENÇÃO DE UM NOVO NOME NO CASO DIANA MOLINA TIROU POR COMPLETO O SONO DE MARCOS, ASSIM COMO TINHA TIRADO O DE DANTE GURGEL. NO DIA SEGUINTE, MARCOS DIRIGIU-SE À REDAÇÃO DO JORNAL PARA SABER COMO ESTAVAM AS INVESTIGAÇÕES.

DANTE - Bem, procurei, por conta própria levantar outros detalhes, nomes de pessoas que teriam algum envolvimento com Diana, conhecidos, até que cheguei aos de Selminha, Fred Gaspar, Hugo Matias, e alguns mais, que a polícia nem ouviu, sequer! (coçou o queixo, pensativo) Conversei com o delegado Justo Nogueira e achei muito estranho que os depoimentos dessas pessoas, inclusive o dos garçons, não constasse dos autos.
 MARCOS - Então falou com os amigos de Diana? Eles sabem quem é Lucrécia?
 DANTE - Falei com Isadora e Selminha... Não conhecem
ninguém com esse nome!
 MARCOS - Que estranho...
 DANTE - Só falta falar com Alfredinho. Marquei com ele hoje à noite, no Castelinho. É bem provável que ele saiba quem é esta mulher.

CORTA PARA:
CENA 5 - CASTELINHO - EXT. - NOITE.

À NOITE, DANTE E ALFREDINHO ENCONTRARAM-SE NA ENTRADA DO CASTELINHO.

 ALFREDINHO - Fala, Dante! Quer falar comigo?
 DANTE - (apertaram-se as mãos) Fala, meu camarada! Quero sim. Você conhece uma mulher chamada Lucrécia?
 ALFREDINHO - Lucrécia? (e deu um sorriso de mofa) Gozado... Muito gozado.
 DANTE - Por quê? Você sabe quem é?
 ALFREDINHO - Lucrécia?... Claro que sei...
DANTE - Então fale de uma vez! Eu e Marcos estamos empenhados em descobrir quem é essa mulher!
 ALFREDINHO - Peraí... esse Marcos não é o padreco?
 DANTE - É... ele mesmo.
 ALFREDINHO - (dando tapinhas no ombro do repórter) Olha, Dante, sinto muito, mas não vou facilitar a vida desse cara! Por mim, vocês não vão saber nada! Fui!

ALFREDINHO DEU PARTIDA NA MOTO E ARRANCOU.

CORTA PARA:
CENA 6 - APARTAMENTO DE NOÊMIA - SALA - INT. - DIA.

JORGE ALBERTO CHEGOU AO APARTAMENTO DA IRMÃ, ATENDENDO SEU CHAMADO, E ENCONTROU-A NERVOSA, COM UM COPO DE UÍSQUE NA MÃO.

 JORGE ALBERTO - Minha irmã, você não acha que está bebendo demais? Que horror! Você sabe que isso só a afasta cada vez mais de sua filha!
 NOEMIA - Jorge, preciso de sua ajuda! Meu marido, o armador sueco, está no Brasil à minha procura para regressar à Europa!
 JORGE ALBERTO - E por que você não volta com ele? Ele não sabe que você mora neste apartamento?
 NOEMIA - Não. Eu menti. Disse que estava num hotel. Não quero voltar à Suécia, pelo menos enquanto não conseguir arrebatar minha filha das mãos de Marcelão! Não volto... muito embora as probabilidades tenham sido reduzidas a menos da metade, depois do escândalo da bebedeira. O problema é que, mais cedo ou mais tarde, vai acabar me descobrindo aqui. Ele sabe que tenho este imóvel... e pensa que está alugado! DOCE BALANÇO CAPÍTULO 42 PÁGINA 07
 JORGE ALBERTO - Não sei como ajudá-la... O que quer que eu faça?
 NOEMIA - Posso ficar... na sua casa?
 JORGE ALBERTO - Ah, não! Na minha casa, não! Sinto muito, irmãzinha, mas adoro morar só, sem ninguém pra interferir na minha vida! Definitivamente, não daria certo!
 NOEMIA - Aquele canalha do Marcelão! Se não fosse tão cafajeste... Você viu como ele continua bonitão? Parece que, com o passar dos anos, fica mais charmoso, mais interessante...
 JORGE ALBERTO - (malicioso) É impressão minha ou esse entusiasmo está um pouco exagerado?
 NOEMIA - Apesar de tudo, não consigo sentir ódio dele, sabia? (fez uma pausa) Isso mesmo! Tive uma idéia! Por que não pensei nisso antes?
 JORGE ALBERTO - Não entendi... o que você pretende fazer?
 NOEMIA - Me aguarde, irmãozinho! Me aguarde!

CORTA PARA:
CENA 7 - APARTAMENTO DE MALU - SALA - INT. - NOITE.

ERA QUASE MEIA-NOITE QUANDO O TELEFONE TOCOU. MARCOS ATENDEU.

 MARCOS - Alô, pode falar... aqui é Marcos Ventura.
 VOZ DE MULHER - (off) Oi. É com você mesmo que eu quero falar. Eu fui amiga de Diana. Me disseram que você está à minha procura. Aqui é Lucrécia.
 MARCOS - (estremeceu) Estou, sim. Onde podemos nos encontrar?
VOZ DE MULHER - (off) Você sabe onde é a Boate do Diabo? Estarei a sua espera hoje, depois da meia-noite. Não precisa se incomodar comigo, pois eu te conheço. Tchau...

OS PENSAMENTOS DE MARCOS FERVILHAVAM. MILHARES DE LEMBRANÇAS ACUDIAM-LHE À MENTE. AS PALAVRAS DE MANOLO, O GARÇON DO CASTELINHO, ECOAVAM EM SEUS OUVIDOS: “SÓ SEI QUE A MORENA DISSE, DA SEGUNDA VEZ: SE DISSER MAIS UMA VEZ ESSE NOME, EU TE DOU NA CARA!” O RELÓGIO DA SALA BATEU MEIA-NOITE.

 MALU - (off) Marcos, você não vem dormir?

MALU VIU PELA PORTA DO QUARTO QUE O MARIDO PROCURAVA ALGUMA COISA NA GAVETA DA MESINHA DA SALA.

 MALU - O que você tá procurando, amor?
 MARCOS - Estou procurando um analgésico. Estou com dor de cabeça (e depois de certa hesitação) Acho que vou à farmácia comprar. Durma você, eu volto já. Té logo.

E SAIU.

CORTA PARA:
CENA 8 - BOATE DO DIABO - INT. - NOITE.

A BOATE DO DIABO ERA UM INFERNINHO. ESFUMAÇADO E DEPRIMENTE COMO TODOS ELES. A DECORAÇÃO FAZIA JUS AO NOME: ERA DIABÓLICA, ALUCINATÓRIA. ILUMINAÇÃO, QUASE NENHUMA. TODOS OS FREQUENTADORES USAVAM MÁSCARAS. AS MULHERES TINHAM O ROSTO PINTADO DE BRANCO. MARCOS FICOU PARADO NA PORTA, SEM CORAGEM DE ENTRAR. 

 ALFREDINHO - (cochichou para Julio Biruta) Chegou o nosso homem.

JULIO BIRUTA COCHICHOU NO OUVIDO DE SUA GAROTA, QUE SE LEVANTOU E FOI COCHICHAR COM OUTRA. UMA DELAS FOI ATÉ A PORTA, TOMOU MARCOS PELA MÃO E INICIOU UMA DANÇA SENSUAL.

 MARCOS - Você é Lucrécia?

A GAROTA RIU E AFASTOU-SE. DE REPENTE ELE FOI ENVOLVIDO PELAS OUTRAS MOÇAS, QUE RODARAM À SUA VOLTA, DEIXANDO-O ATORDOADO. POR FIM, MARCOS CAIU SENTADO NUMA CADEIRA. A MÚSICA ERA ENSURDECEDORA.

 ALFREDINHO - (gritou) Bebida para ele!
 MARCOS - Não, obrigado. Eu só vim procurar uma pessoa.

JULIO ENCHEU UM COPO DE UÍSQUE.

 ALFREDINHO - Que pessoa?
 MARCOS - Uma moça chamada Lucrécia. O senhor conhece?
 ALFREDINHO - Claro que conheço. Ela não está aqui. Mas vai chegar.

MARCELÃO, QUE TAMBÉM ESTAVA NO LOCAL, APROXIMOUSE.

 MARCELÃO - Lucrécia? Quem falou em Lucrécia?
JULIO APONTOU PARA MARCOS, QUE ATÉ ESSE INSTANTE NÃO TINHA RECONHECIDO NENHUM DELES, TODOS MASCARADOS.
 JULIO BIRUTA - Foi ele. Veio encontrar-se com Lucrécia.  

ALFREDINHO COLOCOU QUALQUER COISA DENTRO DO UÍSQUE DE MARCOS, QUE NÃO PERCEBEU.

 MARCOS - (apurando o ouvido para a voz que falava atrás da máscara) Espera aí, eu acho que conheço vocês. Já ouvi essa voz.
UMA GAROTA COLOCOU UMA MÁSCARA NO SEU ROSTO. MARCOS NÃO RESISTIU. ELA OBRIGOU-O A BEBER. ELE ESTAVA ATORDOADO. MAS PERCEBEU QUE ALFREDINHO – A VOZ ERA DELE, NÃO TINHA DÚVIDA – SE AFASTAVA COM O CELULAR E COMEÇAVA A DISCAR.

 ALFREDINHO - (ao celular) Olha, você quer encontrar seu marido, venha aqui na Boate do Diabo. Venha, que ele está atrás de uma tal de Lucrécia.

CORTA PARA:
CENA 9 - APARTAMENTO DE MALU - QUARTO - INTERIOR -NOITE.

DO OUTRO LADO DA LINHA, COM O FONE NO OUVIDO, MALU PULOU DA CAMA, ATORDOADA.

 MALU - Lucrécia!


FIM DO CAPÍTULO 42
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